Setecidades Titulo Dia Mundial sem Tabaco
Fumantes da região somam mais de 17%

Número envolve maiores de 18 anos e é
referente a 2015, segundo pesquisa da USCS

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
31/05/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Celso Luiz/DGABC


O cigarro está presente no cotidiano de 338 mil moradores do Grande ABC maiores de 18 anos. A estimativa é de 2015 e integra dados do Inpes (Instituto de Pesquisas Socioeconômicas) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). A quantia representa 17,8% do total da população da faixa etária analisada. Em 2011, eram 20,7%. “É uma queda bastante pequena. Está caindo, mas é a longo prazo”, fala o coordenador do Inpes, Leandro Prearo. Para desestimular o consumo, hoje é celebrado o Dia Mundial sem Tabaco.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), o tabagismo é a principal causa de morte evitável do mundo. Segundo o professor de Pneumologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e coordenador do ambulatório de combate ao tabagismo da faculdade, Adriano César Guazzelli, são cerca de 50 tipos de doenças que estão relacionadas ao mal hábito de fumar. Entre as mais graves estão enfisema pulmonar, câncer de pulmão, enfarte e derrame. “Caso o paciente não consiga parar de fumar, ele tem 50% de chances de morrer com alguma dessas patologias.”

Visando, entre outros objetivos, encorajar a cessação do tabagismo, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) debate hoje, em seu prédio-sede, no Rio de Janeiro, a padronização de embalagens de produtos do tabaco. Três projetos de lei tramitam no Congresso Nacional para garantir a padronização. Se virar lei, todas as embalagens passam a ser iguais, seguindo padrão definido pelo governo, que determina forma, tamanho, modo de abertura, cor e fonte, mantendo-se apenas o nome da marca.

Em 2012, a Austrália tornou-se país pioneiro na padronização e dados de fevereiro de 2016 apontam que a medida foi responsável por 25% da queda no número de fumantes. Para Prearo, ações como essa são mais efetivas a médio e longo prazo, “ para evitar novos fumantes, não para reverter situação que está consolidada.”

O professor de Pneumologia da FMABC explica que o cigarro, em especial seu princípio ativo, a nicotina, leva o usuário a desenvolver dependência física e psicológica. “Geralmente, o fumante se acondiciona. Ele tem no cigarro um escape para os pequenos problemas que acontecem no dia a dia, como irritação ou estresse”, relatou.

O especialista ainda destaca que, por esses motivos, o tabaco é uma das drogas lícitas mais perigosas que existem. “O fumante deve ser encarado como um viciado. É necessário fazê-lo entender que ele tem dependência do cigarro”, contou Guazzelli, ressaltando que o primeiro passo para deixar o vício é estar decidido a parar.

Entre as pessoas que buscam auxílio no ambulatório da FMABC, entre 30% e 40% conseguem se libertar da nicotina. “Pode parecer um número baixo, mas historicamente é bem razoável, tendo em vista a dificuldade de se largar o fumo.”

 

Mesmo com riscos, há quem segue no vício

A empresária Leda Chiarotto Pierro (que não revela a idade), moradora de Mauá, fuma desde os 18 anos e sabe bem os riscos e prejuízos do cigarro. Seu marido, que fumava intensamente, teve pneumonia e quase morreu. Os três filhos do casal deixaram de fumar, mas ela confessa que nunca teve a pretensão. “Não paro de fumar porque não tenho vergonha na cara. A única coisa que não faço mais é fumar dentro de casa”, fala.

“Fico bravo. Ela já teve câncer, deveria parar”, diz um dos filhos, Luiz Marcelo Chiarotto Pierro, 35.

Para quem está disposto, a rede pública oferece apoio. Em Santo André, serviços são disponibilizados na atenção básica e rede de atenção especializada da Saúde Mental. Em 2015, 200 pessoas foram atendidas.

Em Mauá, 16 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) oferecem tratamento e, segundo a Prefeitura, são cerca de 70 usuários que tiveram êxito. O período não foi informado.

Em Diadema, a pessoa que deseja parar de fumar pode procurar a UBS de referência para tratamento.

Em São Caetano, o atendimento é feito no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). O telefone para informações é 4227-3503.

Ribeirão Pires também atende pelo Caps AD. As demais cidades não retornaram.

O professor de Pneumologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e coordenador do ambulatório de combate ao tabagismo da faculdade, Adriano César Guazzelli, pontua que quem consegue se livrar do cigarro, já nos primeiros dias sente benefícios para a saúde. O olfato tem grande melhora, assim como a respiração e o paladar. “Já tive pacientes que não conseguiam mais sentir alguns sabores de certos alimentos, mas que voltaram a saboreá-los após o tratamento”, contou o doutor. “Porém, o que muitos ex-dependentes mais me agradecem é o retorno da autoestima, de conseguir viver livre de qualquer vício.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;