O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), fez sua primeira avaliação pública sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), que foi afastada do cargo por até 180 dias, adotando discurso crítico ao governo da correligionária, mas com reprovação à decisão do Congresso Nacional e já projetando candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2018.

“Vocês sabem da minha avaliação do governo (Dilma), dos erros que foram cometidos. Uma coisa é avaliação de gestão, (necessidade de) correção de rumo (de administração). Outra coisa é o processo de afastamento. As coisas não podem se misturar. A Constituição está agredida, porque se estabelecem regras para isso (impeachment) a partir de crime, o que não ocorreu. Depois começamos ver Romero Jucá (ex-ministro do Planejamento do governo Michel Temer, que articulou deter avanços da Operação Lava Jato), as armadilhas e artimanhas que alguns fizeram para tirar a presidente. Algo repugnante. Mas o que eu quero é ver o Lula presidente em 2018”, pontuou.

Desde a saída de Dilma do Planalto, no dia 12, Marinho evitou tecer comentários sobre fatos que deram sequência ao processo de impeachment, se resguardando de criticar diretamente o presidente interino Michel Temer (PMDB). O prefeito são-bernardense tem amenizado tom nos comentários sobre a gestão do peemedebista, temendo retração no envio de repasses federais a obras na cidade, principalmente para os serviços do projeto Drenar, maior plataforma política do secretário de Serviços Urbanos e Coordenação Governamental, Tarcisio Secoli (PT), seu escolhido para o processo eleitoral de outubro.

Sobre a crise institucional do PT, Marinho declarou que a eleição de outubro será fundamental para medir a força do partido com o eleitorado. Ele prevê que haverá preservação de imagem do partido.

“Quem apostar que o PT vai acabar irá quebrar a cara. O partido vai ganhar e perder eleições, como sempre foi ao longo de sua história. Vamos aguardar este processo eleitoral e aí veremos”, analisou.
Marinho esteve na noite de ontem no bairro Pauliceia para plenária do OP (Orçamento Participativo). O evento foi marcado por tom tranquilo, com o prefeito focando em ações realizadas em suas gestões. O comportamento foi diferente de edições anteriores, quando o petista alfinetava seus adversários políticos. Até mesmo um grito de “fora, PT” feito por um dos participantes não provocou discussão política. O chefe do Executivo apenas respondeu: “Se é fora, PT, o que está fazendo aqui? Em época de eleição tem muito provocador. Por favor, respeite, se não peço para sair.”