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Revolução pode levar categoria de volta ao passado
Flavio Gomes
De Imola, para o Diário
23/04/2004 | 23:33
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Uma revolução à vista na Fórmula 1. Nesta sexta, em Imola, a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) fez circular um comunicado convocando as equipes para uma reunião em Mônaco no dia 4 de maio. Na pauta, um pacote de mudanças que devem entrar em vigor em 2008 e que farão a categoria voltar 30 anos no tempo, ao que era, em alguns aspectos na década de 70. Entre as sugestões, a adoção de motores V8 de 2,4 litros que durem pelo menos dois GPs, a volta aos câmbios manuais, a proibição de troca de pneus nos pit stops e a possibilidade de as equipes venderem seus equipamentos a outras, para que novos times passem a disputar o Mundial.

As mudanças seriam para 2008, o primeiro ano da F-1 pós-Pacto da Concórdia, nome dado ao contrato que rege todas as relações entre equipes e organizadores. Max Mosley, presidente da FIA, é de novo o articulador da revolução que tem, segundo ele, o objetivo de "melhorar o espetáculo sem regras artificiais, dar ênfase ao talento dos pilotos, reduzir os custos drasticamente, encorajar a chegada de novas equipes e chegar a um grid com 24 carros".

As propostas da FIA serão colocadas em votação na próxima reunião de seu Conselho Mundial, dia 30 de junho em Paris. "É o maior pacote da história", falou Mosley à agência Reuters. "Há um problema sério de gastos na F-1. As equipes têm dificuldades para arrumar patrocínios que cubram seus custos. O público está interessado no lado humano e em máquinas. Mas se você tem muita tecnologia sem pilotos, o público some."

O novo pacotão de Max prevê também a proibição de uso de carro-reserva, a volta de treinos classificatórios às sextas-feiras, apenas um fornecedor de pneus para a categoria, pneus mais largos atrás do que na frente para aumentar o arrasto aerodinâmico e reduzir a velocidade, centralinas únicas para gerir eletronicamente os motores fornecidas pela FIA, freios padronizados, proibição de diferenciais eletrônicos e direção hidráulica, limite de quilometragem de testes por ano e 12 equipes disputando o campeonato.

Nesta sexta, Paolo Martinelli, o homem que cuida dos motores da Ferrari, disse que a equipe italiana é favorável à mudança dos V10 de 3 litros para os V8 de 2,4, sinal de que as propostas têm boas chances de aprovação, dada a força política do time de Maranello. Norbert Haug, da Mercedes, acha que a troca da configuração vai custar caro, mas garantiu que a McLaren "vai à reunião com espírito positivo para ajudar". Mario Theissen, da BMW, é a favor de cortar os gastos aumentando a durabilidade dos motores, mas tem dúvidas se a troca para os V8 seria a solução.

O que é unânime é a necessidade de brecar a escalada de custos. Uma equipe como a Ferrari gasta mais de US$ 300 milhões por ano. Para Mosley, é possível imaginar uma F-1 bem mais austera, com orçamentos anuais, para os times pequenos, na casa de US$ 15 milhões que garantam um mínimo de competitividade. "Se não fizermos algo, isso aqui vai falir. As pessoas vão deixar de assistir", decretou Mosley, abrindo nova cruzada para salvar a F-1.




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