Mesmo após décadas, constantemente surgem no cinema filmes inspirados nos episódios de crueldade da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Algumas dessas narrativas conseguem causar no telespectador um misto de sentimentos: empatia com os personagens que protagonizaram essa história e, ao mesmo tempo, revolta por tamanha maldade que vitimou milhares de judeus dizimados pelo nazismo. Memórias Secretas, que chega hoje às telonas, é desses.

A direção é de Atom Yeghoyan (À Procura, O Preço do Amanhã), que foi premiado pelo grande júri jovem do Vittorio Veneto Film Festival em 2015 por Memórias Secretas.

Quem tiver interesse em assistir ao longa-metragem, no entanto, terá que se deslocar até São Paulo, pois o filme não entrou em cartaz no Grande ABC.

Na trama, Zev (Chistopher Plummer) é um senhor de 80 anos que sofre de demência avançada e acabou de perder a mulher, Ruth. Ele mora em um asilo nos Estados Unidos juntamente com o amigo Max Zucker (Martin Landau). Ambos são sobreviventes de Auschwitz e compartilham lembranças traumáticas da época.

Durante anos, enquanto Ruth ainda estava viva, eles ficaram debruçados em pesquisas do passado, até descobrirem que um antigo guarda nazista, responsável pelo assassinato de milhares de judeus, incluindo a família de ambos, mora no país com um nome fictício. Mesmo com a saúde debilitada, Zev aceita a missão de deixar o local em que vivem em busca do carrasco. Só que, ao longo da jornada, ele precisa lidar com suas falhas de memória.

O drama faz refletir. O quanto a memória humana é confiável? Conforme a narrativa avança, a expectativa pelo desfecho da história aumenta, criando ansiedade no telespectador, que é levado de forma bem sutil a torcer pelo protagonista. As falhas na mente de Zev criam tensão no ar, como se a qualquer momento ele jamais fosse se lembrar de seu objetivo. Porém, uma reviravolta nos últimos minutos muda tudo, deixando o telespectador boquiaberto. Apesar de ser motivado pelo passado, Memórias Secretas não se apoia em flashbacks.

Para quem gosta dessa temática, vale a pena. Para quem não é muito fã, pode assistir que não vai se arrepender. Além dos protagonistas, o elenco conta ainda com Dean Norris, Bruno Ganz e Henry Czerny, entre outros.