Moradores do Grande ABC que integram os grupos de risco (crianças com idade entre 6 meses e 5 anos, gestantes, idosos, mães no pós-parto e trabalhadores da Saúde) e não se imunizaram contra a gripe ainda têm dificuldade de encontrar a vacina contra o vírus H1N1 nos postos de Saúde da região. Após período de escassez quase total, embora a campanha nacional de imunização só termine no dia 20, as 40 mil doses recebidas do Ministério da Saúde começaram a ser distribuídas na sexta-feira pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC às cidades, no entanto, UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Diadema e Mauá, por exemplo, ainda não ofereciam o serviço ontem.

A equipe do Diário percorreu e telefonou para 42 unidades de Saúde das sete cidades, sendo que só havia a vacina, que protege contra os vírus A/Califórnia (H1N1), A/Hong Kong (H3N2) e B/Brisbane, em 23 locais. Ainda assim, a oferta das doses só é realizada para pessoas que integram os grupos de risco e enquanto durarem os estoques.

A alta no número de casos da doença e de mortes – o Grande ABC contabiliza oito óbitos pela gripe H1N1 neste ano, sendo quatro em Santo André, dois em São Bernardo, um em Mauá e um em Ribeirão Pires – fez com que a campanha atingisse 96,68% dos grupos prioritários entre as sete cidades, conforme levantamento realizado pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. O índice supera a meta de cobertura vacinal do Ministério da Saúde, que é de 80%. Além disso, está acima das médias de São Paulo, de 73,4%, e do Brasil, de 56,72%. Ainda assim, muita gente não foi vacinada na região.

A situação estava pior em Diadema e Mauá, onde não havia doses em nenhuma das UBSs questionadas. Nos dois casos, as recepcionistas informavam que não havia previsão de chegada das vacinas. Na UBS do Parque das Américas, em Mauá, a recomendação foi para ligar no fim do mês.

Para a cabeleireira Tami Almeida, 25 anos, a situação é preocupante. Isso porque a filha Emanuele, 8 meses, só conseguiu tomar a primeira das duas doses da vacina. “Os funcionários só sabem informar que está em falta, mas ninguém diz quando vai chegar”, destaca a moradora do Jardim Zaíra, que esteve na tarde de ontem na UBS do Zaíra 2.

A situação era mais confortável, ontem, para os moradores de São Caetano, onde todas os equipamentos ofereciam a vacina, e de São Bernardo. Neste caso, apenas na UBS do Montanhão as novas doses ainda não estavam disponíveis.

Em Santo André e em Ribeirão Pires, o cenário estava dividido. Nas unidades onde as vacinas haviam sido entregues ontem, a procura estava intensa. Por isso, a recomendação dos atendentes era para que os moradores buscassem a unidade o quanto antes. “Temos poucas doses, então só garanto para hoje (ontem)”, explicou a recepcionista da UBS Vila Sueli, em Ribeirão Pires. Já na Unidade de Saúde da Vila Luzita, em Santo André, as vacinas ainda estavam em falta. “Não temos previsão”, informou a atendente.

Distribuição das imunizações começou ontem nas sete cidades

As prefeituras de seis das sete cidades da região (Rio Grande da Serra não se pronunciou) informaram que os estoques de vacinas estão sendo normalizados.

Em Mauá, por exemplo, as doses serão entregues hoje às UBSs para beneficiar os 2.910 pacientes acamados do município que ainda não foram imunizados. Já em relação às segundas doses das vacinas para crianças, não há previsão.

Diadema destacou que recebeu 7.000 doses. Destas, 4.000 serão destinadas ao CDP (Centro de Detenção Provisória) e outros. “As demais estão sendo encaminhadas para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) para vacinar prioritariamente acamados e gestantes”. Está previsto outro envio de doses para o fim desta semana ou início da próxima.

Santo André e Ribeirão Pires informaram que as vacinas recebidas estavam sendo redistribuídas às unidades de Saúde ontem.