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Justiça concede reintegração de posse de terreno em Mauá
Juliana Ravelli
William Cardoso
03/02/2009 | 07:00
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A Prefeitura de Mauá pode executar a qualquer momento um mandado de reintegração de posse de sua área invadida por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) no Jardim Paranavaí. A ação, deferida pelo juiz Rodrigo Nogueira, da 5ª Vara Cível, promete reeditar mais um capítulo da novela em que se transformou a questão habitacional na cidade.

 O despacho do juiz Rodrigo Nogueira determina a reintegração imediata da área onde o MTST se instalou no início de novembro. O espaço fica nas proximidades da divisa com a Capital e ao lado de um conjunto habitacional da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) com mais de 400 unidades, grande parte delas vazia.

 A ação deverá contar com o auxílio de forças policiais. O CPA/M-6 (Comando do Policiamento de Área Metropolitana) informa que a operação ainda está em fase de "preparação e planejamento". O porta-voz da Polícia Militar, o primeiro tenente Luiz Roberto Moraes, informa que ainda não há data prevista para a ação.

 A invasão do Jardim Paranavaí é mais uma que está prestes a terminar sem que solução objetiva seja apontada pelo poder público. Questionada, a Prefeitura não respondeu o que pretende fazer com as famílias que serão expulsas do terreno. A ordem, por enquanto, é apenas fornecer meios para que a determinação judicial seja levada a cabo - obrigação do proprietário, que precisa ceder caminhões e espaço protegido para móveis e utensílios dos invasores.

 No ano passado, reintegração promovida em terreno do empresário Geraldo Joaquim, no Jardim Olinda, retirou da área quem pretendia apenas aproveitar a oportunidade de ganhar um terreno. Em contrapartida devolveu à rua cerca de 30 famílias que não tinham de fato para onde ir - um décimo daquelas cadastradas pelo movimento inicialmente.

 Sem alternativa, foram abrigadas no salão paroquial da Igreja de São João Batista. À época, impressionado com o descaso da administração municipal e incomodado com o fato de exercer um papel que caberia ao poder público, o bispo da Diocese de Santo André, dom Nelson Westrupp, cobrou uma atitude imediata, sem ter resposta efetiva no entanto.

 No Jardim Paranavaí, os invasores aproveitaram a falta de ação da gestão Leonel Damo (PV) para levar inclusive algum conforto aos barracos, agora construídos em madeira e com energia elétrica irregular.

EXPECTATIVA - Quem chegar ao acampamento do MTST no Jardim Parnavaí vai ver crianças brincando e famílias convivendo normalmente. Porém, a preocupação latente de quem vive hoje na área é arrumar lugar para ir, caso a reintegração se concretize.

 Do alto do morro, é possível enxergar os apartamentos vazios da CDHU. O cenário contrasta com barracos que abrigam cerca de 250 famílias, entre elas a de Maria Aparecida Camillo Oliveira, 45 anos. "Vou lutar pelas casas. Permaneço aqui com os companheiros", diz. Ela vive com o marido, dois filhos e um neto no terreno invadido.

 Marlene Xavier Ferreira, 42, também mora no local com quatro filhos - uma delas já deu dois netos e está grávida de oito meses do terceiro, também vivendo no acampamento. "Estou com medo. Se chegarem aqui, a gente não tem para onde ir", afirma Marlene.

 O militante Diego Silva Thiago Nascimento, 20, garante não querer confronto, mas quer permanecer na área."A gente luta por uma moradia, seja aqui ou em outro lugar. Desejamos negociar."

 A reintegração de posse está em nome de oito líderes do MTST. Ontem, nenhum deles estava no terreno para comentar a decisão. A ausência pode ser uma estratégia do grupo para prorrogar a desocupação, já que a ação deve ser assinada.




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