Economia Titulo
AOL e Microsoft passam por prova de fogo em Davos
Do Diário do Grande ABC
31/01/2000 | 14:50
Compartilhar notícia


Os dois grandes magnatas da indústria do lazer e da informaçao, Stephen Case, futuro líder da fusao AOL/Warner, e o fundador da Microsoft Bill Gates, foram submetidos esta segunda-feira a um verdadeiro exame por parte dos participantes do Foro Econômico Mundial de Davos, que exigiram respostas para o atraso tecnológico dos países subdesenvolvidos e a uniformizaçao do lazer e da cultura no mundo.

A melhor maneira que ambos os líderes encontraram para convencer os presentes de que seu enorme poder nao constituirá um perigo para a pluralidade mundial foi assegurar que eles também nao sabem para onde se dirige a alta tecnologia.

``Ninguém sabe que instrumentos teremos para utilizar a Internet dentro de dez anos', admitiu Case. ``Há quinze anos, ninguém poderia pensar que a Internet e a televisao iam se relacionar com os computadores pessoais', enfatizou Gates. ``A Internet é o poder dado às pessoas', ressaltou Case ante um auditório lotado por pessoas ansiosas para conhecer os planos da nova megafusao do lazer e da Internet, representada pela AOL (22 milhoes de assinantes) e a TV a cabo Warner (13 milhoes).

Case reconheceu, no entanto, que sua intençao era unir em uma única plataforma todas as atividades humanas: trabalho, lazer e comunicaçao.

``Acreditamos sinceramente que podemos criar coisas que antes nao eram possíveis', explicou Case durante o debate. Gates felicitou Case pela fusao com a Warner, a qual classificou de ``grande êxito', embora tenha assegurado que o caminho de sua empresa é diferente.

``Acho que existe um espaço para as companhias que só querem fabricar programas como o Windows', afirmou. Como Case, Gates, cuja companhia poderá ser dissolvida pela autoridades antimonopólio dos Estados Unidos, insistiu em transmitir mensagens tranquilizadoras.

``Queremos devolver o poder às pessoas sobre o que podem receber pelo correio eletrônico, ou a quem podem chamar por telefone'.

Para isso, indicou o fundador da Microsoft, o próximo ponto de pesquisa de sua empresa serao os sistemas de reconhecimento de voz, que permitem filtrar mensagens e aumentar a privacidade dos computadores.

Para que essas melhorias cheguem ao um número maior de pessoas, a grande interrogaçao será como conseguir ``uma faixa ampla (de transmissao de dados) a um preço muito baixo'. ``Trata-se de um desafio enorme', acrescentou Gates.

``O que vocês pensam das pessoas que vivem na Africa e de seu potencial como consumidores?', indagou um dos presentes no debate, durante a sessao de perguntas.

``A coisa mais cara da Internet é a ligaçao telefônica', explicou Gates. O fundador da Microsoft, no entanto, nao teve como apontar medidas concretas para difundir a alta tecnologia nos países menos desenvolvidos, como o continente africano.

Cinqüenta por cento dos executivos consultados recentemente pela firma PriceWaterhouseCoopers (Estados Unidos) consideram que a Internet aumentará a distância entre ricos e pobres nos próximos anos.

Para Michael Dertouzos, diretor do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT), participante do debate, nao é apenas a importância da Internet que está sendo superdimensionada e sim toda a indústria da informaçao.

``Se incluirmos as rádios, os jornais escritos e tudo mais, (o setor) se converte em menos de 5% da indústria mundial', explicou Dertouzos, em comparaçao com ``o trabalho de escritório, que representa 60%'.

Dertouzos citou dois pontos essenciais a seu ver neste debate: ``Quem controla a iniciativa' e ``o que se pode aprender com as pessoas que estao do outro lado, os consumidores'. ``A Internet é o relacionar de coisas, o colocar de pessoas em contato', explicou Case. ``Nao importa de onde venha. Ninguém dá atençao a isso', assegurou, depois de dar o exemplo de Israel, onde as companhias vendem programas pela Internet a empresas nos Estados Unidos.

``Existem somente 70 mil indianos que trabalham na indústria da informaçao', recordou, no entanto, Dertouzos, citando a India como um dos ``milagres' tecnológicos em termos de país subdesenvolvido. Para o resto do mundo, Case e Gates expressaram sua total confiança de que a Internet é ``um instrumento para melhorar as sociedades, e nao apenas visa o lazer'.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;