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Ações sociais desafiam a quebra da individualidade no Grande ABC
Isabela Treza
Especial para o Diário OnLine
29/04/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A individualidade, reforçada pelo avanço da tecnologia e da criminalidade, que amedronta as pessoas e as inibem de sair de casa, são razões que dificultam muito a realização de ações sociais atualmente. Os bairros da região estão carentes desse tipo de atuação constante. Segundo a socióloga Dulce Maria Tourinho, valores estão sendo perdidos em um mundo só de celular e rede social.

Sobre ações especificas nos bairros, Dulce revela que é grande a importância a interação entre vizinhos. “Com a questão da individualidade, na qual as pessoas ficam muito sozinhas, esse tipo de atividade viabiliza a sociabilidade e estimula a participação politica. É importante para o engajamento das pessoas na problemática do bairro. Se elas se conhecem, começam a partilhar problemas comuns”, conta.

Quando a interação acontece é mais vantajoso para o morador porque rompe barreiras que podem provocar melhorias para o bairro. “Hoje a questão da violência assusta, as pessoas não colocam a cara para fora, cada vez estão mais trancafiadas, também por causa da questão social e de desemprego. Elas possuem liberdade de ir e vir, mas o medo tomou conta. Quando essas ações acontecem, o envolvimento é maior e melhor, o estado pode dar apoio, as empresas podem divulgar os produtos, a comunidade fica envolvida”, explica Dulce.

Para a socióloga, esse tipo de ação é um dos projetos mais importantes também nas metrópoles. “A sociabilidade em uma cidade menor ainda acontece, em uma cidade maior como São Paulo, é mais difícil, as pessoas estão cada vez mais individualizadas e não dão abertura”, ressalta. Outra sugestão da profissional é reforçar a divulgação destes projetos pois incentiva outras comunidades a fazerem o mesmo.

Os moradores do Grande ABC enfatizam a necessidade de ações sociais para diversão das crianças, idosos, profissionalização dos jovens e segurança. “Depois das 19h é perigoso sair de casa, por isso, preferimos continuar aqui, tem guardinha à noite mas nós que pagamos”, conta a moradora de Mauá, Maria Andrade, 40 anos.

Para a dona de casa Janete dos Santos Rodrigues, 52, as ações necessárias no Jardim Sonia Maria, baseiam-se em atividades para a terceira idade e brincadeiras para as crianças. “Não tem nada para as crianças e é preciso, porque senão outras coisas levam elas para o mal caminho”, conta.

A dona de casa e mãe de três filhos, Alessandra Rodrigues do Nascimento, é moradora de Diadema desde os seus 6 anos de idade e já participou duas vezes do Diário do Grande ABC nos Bairros, ação social promovida pelo Diário, em seu bairro. Ela revela a dificuldade de disponibilidade de cursos para os filhos, que tem entre 14 e 19 anos. “O que eu mais quero é oportunidade para os jovens, senão eles não conseguem experiência em nada”, revela.

Paulo Queiroz é zelador no Riacho Grande, em São Bernardo, e acredita que entre as ações sociais de maior relevância para a população são cursos de orientação sobre direitos e empreendedorismo em áreas como culinária e corte e costura. “Aqui não tem isso para o pessoal se autossustentar, se quiser aprender algo é muito longe daqui”, lamenta.


Denis Maciel/DGABC


DGABC nos Bairros

O Diário promove desde 2006 ações sociais nos bairros da região, que contam com parceiros que disponibilizam inúmeros serviços como corte de cabelo, teste de glicemia, averiguação da pressão, entretenimento e palestras para as crianças, entre outros.

Durante os 11 anos de prestação de serviço social, o projeto já atendeu mais de 595 mil moradores em 186 eventos realizados nos sete municípios.
“Às vezes estamos sem condições para cortar o cabelo, e quando aparece uma oportunidade como essa é muito bom, para as crianças principalmente, por causa das atividades”, salienta Sandra Sara, moradora de São Bernardo.

Para o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social de Ribeirão Pires, Arnaldo Franco, mobilizações como essas são fundamentais. “Entendo que tudo o que favorece ao ser humano e lhe proporciona sensação de inserção na sociedade deve ser visto como positivo”, destaca. 

 




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