Foi eleita ontem a diretoria do Conprescs (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Caetano), que terá como primeira e urgente missão avaliar o pedido de tombamento do Hospital São Caetano, apresentada semana passada por um morador da cidade. Foi também redigida a primeira resolução do conselho, que será publicada hoje e dá início ao processo de tombamento do imóvel.

Segundo artigo 11 da lei municipal 4.927, de 15 de setembro de 2010, "aberto o processo de tombamento, o bem em análise obedecerá ao mesmo regime de preservação do bem tombado até a decisão final do Conprescs". Isso significa que, a partir da data da publicação e até o resultado final dos estudos do conselho, o prédio só poderá ser reparado, pintado, restaurado ou alterado com prévia autorização do órgão, a despeito do leilão do imóvel estar marcado para a manhã de hoje, na Capital.

Os responsáveis pelo órgão municipal também foram decididos ontem. O conselho será presidido pelo arquiteto Ênio Moro Junior, que também é funcionário da Secretaria de Obras e Urbanismo da cidade. A vice-presidente será Paula Ferreira Fiorotti, especialista em patrimônio histórico e representante da Fundação Pró-memória de São Caetano.

À frente do processo, a assessora especial de Coordenação de Ações Sociais da Prefeitura de São Caetano, Regina Maura Zetone, disse que a partir de agora deverá ser feito inventário, registro e avaliação do prédio do hospital. A próxima reunião está marcada para o dia 15.

De acordo com a presidente da Fundação Pró-memória, Sônia Xavier, o hospital foi criado logo após São Caetano ter se emancipado de Santo André, em 1948. "A partir daí, o mesmo grupo se reuniu para promover a construção de um hospital para atender à nova cidade. Foi uma luta muito grande, e por isso deve ser preservado."

Leilão do imóvel será hoje, em São Paulo 

A Justiça do Trabalho determinou o leilão do prédio do Hospital São Caetano para pagamento de dívidas trabalhistas, avaliadas em R$ 60 milhões. Segundo avaliação da Justiça, o imóvel vale R$ 38,7 milhões, mas o lance mínimo para o início das propostas de compra no leilão de hoje é de R$ 34,8 milhões, ou 90% do valor da avaliação da juíza.

O pregão está marcado para 10h, no Fórum Trabalhista Ruy Barbosa, prédio do Tribunal Regional do Trabalho, na Barra Funda, na Capital. A Prefeitura está interessada em viabilizar a manutenção do espaço como um hospital, tanto que o prefeito José Auricchio Júnior (PTB) já decretou a área como de interesse público, primeiro passo para a desapropriação.

Segundo a assessora especial de Coordenação de Ações Sociais da Prefeitura, Regina Maura Zetone, é possível que ninguém se interesse pelo imóvel, sobretudo porque, com o processo de tombamento iniciado, quem comprar ficará "de mãos atadas", sem poder mexer em quase nada do prédio.