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Demanda doméstica cresce 10% ao ano
18/04/2010 | 08:00
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A demanda dos brasileiros - que inclui consumo das famílias, gastos do governo e investimentos das empresas - está crescendo em ritmo chinês. O desempenho surpreendeu a maioria dos analistas e deixou o mercado de juros nervoso. Bancos e consultorias já projetam alta maior da Selic (taxa básica de juros) na reunião deste mês do Copom (Comitê de Política Monetária).

No segundo semestre, a demanda doméstica já crescia a taxa anual de 10,5%, de acordo com levantamento do ex-diretor do BC (Banco Central) e economista-chefe do Santander Brasil, Alexandre Schwartsman. A série elaborada por ele revela que é o ritmo mais forte em 15 anos.

Segundo especialistas, tudo indica que, no primeiro trimestre, o crescimento manteve a mesma toada, na pior das hipóteses. Mas há quem diga que estaria hoje ao redor de 13% ao ano, similar ao chinês - de janeiro a março, a demanda doméstica da China cresceu 13,1%.

Por isso, nas últimas semanas, muitas instituições revisaram para até 7% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2010. Antes, trabalhavam com expansão que variava entre 5% e 5,5% da economia.

CONSUMO
Segundo cálculos da consultoria MB Associados, serão despejados na economia neste ano R$ 244 bilhões a mais em consumo e investimento. As famílias vão consumir R$ 141 bilhões a mais, a administração pública vai elevar os gastos em R$ 34 bilhões, e as empresas vão investir R$ 68 bilhões mais. Em todo o governo Lula, o consumo das famílias cresceu cerca de R$ 500 bilhões - o que ajuda a explicar a sensação de bem-estar e a popularidade do presidente.

As projeções do mercado são que a demanda doméstica deve crescer 10% neste ano. Se isso ocorrer, existe uma chance do consumo dos brasileiros terminar o ano em ritmo mais acelerado até que na própria a China.

Para a consultoria Dragonomics, com sede em Pequim (China), a demanda doméstica chinesa vai subir 9% em 2010. Janet Zhang, economista da instituição, diz que o investimento vai desacelerar, porque o governo está retirando os estímulos fiscais, para minimizar os riscos de formação de bolhas e pressões inflacionárias.

No Brasil, essa desaceleração ainda não está clara. "Depende de alguns fatores", diz Schwartsman. O primeiro deles é o efeito ainda incerto do aperto dos depósitos compulsórios promovido pelo BC no fim de fevereiro.

O economista lembra que as vendas de alguns produtos, como automóveis, permaneceu elevada mesmo após a retirada dos incentivos fiscais. Outra questão que deixa o cenário confuso é o comportamento dos bancos públicos - Banco do Brasil, Caixa e BNDES - na concessão de crédito. No auge da crise, o governo abriu a torneira dessas instituições.

 

Confiança revigorada dos empresários impulsiona mercado

A confiança revigorada dos empresários (que estimula o investimento), contratações de funcionários, renda em alta e crédito abundante têm impulsionado a demanda nacional. "O ano começou muito forte", diz Júlio Callegari, economista do JP Morgan.

No primeiro bimestre, a produção industrial cresceu 12,3% em relação a igual período do ano anterior. No varejo, a alta foi de 17,2%. Alguns indicadores, como o de vendas de carros, consumo de energia elétrica e fluxo de veículos, apontam desempenho excepcional para a indústria e o varejo em março.

Em março, o País gerou o recorde de 266,4 mil postos de trabalhos. Uma pesquisa da Serasa Experian mostrou que a demanda por crédito no País em março bateu recorde.

Os investimentos devem crescer entre 18% e 19% neste ano. Mas os analistas alertam que serão insuficientes para reduzir a pressão inflacionária de curto prazo, porque demoram para maturar. "Neste momento, investimento é mais demanda", diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale.




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