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Carla Camurati de novo em ópera
Mônica Santos
Da Redaçao
06/02/1999 | 15:44
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A aventura da gueixa que entrou para a história da música como Madame Butterfly será contada no Teatro Alfa Real, em Sao Paulo, no mês de maio. A ópera de Giácomo Puccini (1858-1924), um dos mais populares autores no gênero, terá a regência do maestro Isaac Karabtchevsky, da Orquestra Sinfônica Municipal, e a direçao da atriz e cineasta Carla Camurati, que recebeu o convite há apenas três semanas. 

Apesar de nunca ter assistido a uma montagem de tal ópera (ela só conhece o trabalho de Puccini por meio de fitas), Carla é só alegria. "Eu fiquei surpresa e feliz com a escolha do José Roberto Sagua, do Alfa Real, e estou adorando trabalhar com o maestro Karabtchevsky, que é maravilhoso.

Isso é um reflexo positivo de La serva padrona, meu primeiro trabalho com ópera, que acabei levando para o cinema. Desde que surgiu o convite, estou me dedicando muito à tragédia Madame Butterfly", conta. Já na próxima semana Carla estará em Sao Paulo, para, ao lado do maestro, participar das audiçoes. "A preocupaçao dele é com a música, se o candidato tem capacidade vocal para interpretar o personagem. Numa ópera, saber cantar é o mais importante.

Agora, se houver dois candidatos que sejam bons cantores líricos, a decisao fica por minha conta. Eu analiso todo o resto que é necessário, como a dramaticidade, por exemplo", explica.  

Apesar de este ser seu segundo trabalho na área, Carla diz que nunca foi uma apaixonada por ópera. Tampouco estudou música ou sabe ler partituras musicais. "Eu nunca me interessei muito por óperas, só gostava das cômicas, mas com La serva padrona descobri um mundo fascinante. A gente acha que a ópera é uma coisa distante, que precisa ser um erudito para entendê-la, mas nao é nada disso. Para entender, basta se apaixonar por ela".  

Sobre o resultado positivo e elogiado de sua primeira direçao operística, com o trabalho do italiano Gianbatista Pergolesi (1710-1736), ela resume: "Desde pequena eu tenho uma percepçao musical muito aguda e a minha memória musical é muito grande. Só para ter uma idéia, apesar do pouco tempo de contato, já tenho algumas árias de Madame Butterfly registradas em minha cabeça", diz. 

Tragédia japonesa - Quando se abre a cortina do primeiro ato dessa ópera, um jovem tenente da Marinha norte-americana acaba de alugar uma casa em Nagasaki, no Japao, por um prazo de 999 anos. Com este imóvel ele recebe uma jovem japonesa, que irá se tornar conhecida vulgarmente como a madame Butterfly.  Para o jovem tenente, tudo nao passa de uma mera brincadeira, enquanto Butterfly, totalmente entregue e apaixonada, se declara a moça mais feliz do Japao. Ela chega ao extremo de renunciar ao budismo e, por isso, é amaldiçoada pela família.  

Quando tem início o segundo ato, três anos se passaram. O tenente viajou para os Estados Unidos e nunca mais mandou notícias. Butterfly agora é mae de um menino e vive na miséria, na esperança de que seu amado voltará. Ele de fato volta - porém, casado com uma norte-americana, e quer buscar seu filho. Tomada por desespero, Butterfly concorda, pede que a deixem sozinha, reza, apanha um punhal, despede-se do filho e comete o haraquiri (suicídio ritual).  

Para assumir a pele da protagonista, o maestro Karabtchevsky já fez sua escolha. Trata-se da soprano japonesa Yoko Watanaba, que acabou de viver a gueixa numa montagem em Los Angeles. "Ela é uma grande cantora, acho que nao poderia haver escolha mais certeira", elogia Carla, que também na próxima semana faz audiçoes para escolher o elenco de apoio e inicia os trabalhos com o cenógrafo Renato Teobaldo e a figurinista Ciça Modesto.




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