Empresa quer retirar estabilidade para operários acidentados ou que têm doença do trabalho
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano cogita paralisar a produção na fábrica da General Motors em São Caetano caso a empresa insista em revogar a cláusula do acordo coletivo que prevê estabilidade para funcionários acidentados ou portadores de doença ligada à atividade profissional. Esse item está barrando a negociação entre as partes para o problema de excedente de mão de obra – estimado em 1.200 pessoas –, a fim de que seja solucionado sem que haja demissões em massa.
Para tentar segurar os empregos, a entidade sindical reivindica a renovação do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) de 1.700 funcionários, que está previsto para acabar dia 7 de abril, por, pelo menos, mais oito meses. Entretanto, a montadora já sinalizou que somente fará a prorrogação se os trabalhadores aceitarem a retirada da cláusula de estabilidade dos lesionados, que hoje são cerca de 400. “Hoje (ontem) eu já bati o martelo com a empresa dizendo que, nessas condições, a negociação acaba aqui”, relatou o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, em assembleia realizada ontem na GM. Caso não haja avanço nas conversas, ele afirma que há possibilidade de a categoria deflagrar greve.
Nova reunião está programada para ocorrer amanhã de manhã e, em seguida, a proposta deverá ser submetida à apreciação dos trabalhadores.
A montadora já cedeu no que diz respeito ao adicional noturno. Inicialmente, a montadora propôs redução do valor pago de 30% para 20% – percentual que é exigido por lei. Segundo Cidão, a empresa desistiu de alterar esse benefício.
Já foi acordado que neste ano os funcionários não receberão aumento, e sim um abono salarial cujo montante ainda não foi definido. Para 2017, o reajuste será corrigido com 70% da inflação acumulada medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e outros 30% serão pagos por meio de abono. Quando as negociações foram iniciadas, a GM propunha divisão igualitária. Apenas em 2018 os salários deverão voltar a ser corrigidos regularmente.
A GM foi procurada pelo Diário, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.Hoje há 9.200 funcionários.
Pelas redes sociais, a proposta de acabar com a estabilidade para os lesionados foi criticada por oposicionistas à direção do sindicato. “É o maior ataque aos direitos dos trabalhadores da GM na história”, diz o texto do grupo ligado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).
A legislação prevê que, por até cinco meses, parte dos salários do pessoal em lay-off é paga pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Passado esse período, a empresa tem de arcar sozinha com os vencimentos dos afastados – no caso, por três meses.
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