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Sem acordo, sindicato cogita iniciar greve na fábrica da GM em São Caetano

Empresa quer retirar estabilidade para operários acidentados ou que têm doença do trabalho

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
29/03/2016 | 07:25
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Claudinei Plaza/DGABC


O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano cogita paralisar a produção na fábrica da General Motors em São Caetano caso a empresa insista em revogar a cláusula do acordo coletivo que prevê estabilidade para funcionários acidentados ou portadores de doença ligada à atividade profissional. Esse item está barrando a negociação entre as partes para o problema de excedente de mão de obra – estimado em 1.200 pessoas –, a fim de que seja solucionado sem que haja demissões em massa.

Para tentar segurar os empregos, a entidade sindical reivindica a renovação do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) de 1.700 funcionários, que está previsto para acabar dia 7 de abril, por, pelo menos, mais oito meses. Entretanto, a montadora já sinalizou que somente fará a prorrogação se os trabalhadores aceitarem a retirada da cláusula de estabilidade dos lesionados, que hoje são cerca de 400. “Hoje (ontem) eu já bati o martelo com a empresa dizendo que, nessas condições, a negociação acaba aqui”, relatou o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, em assembleia realizada ontem na GM. Caso não haja avanço nas conversas, ele afirma que há possibilidade de a categoria deflagrar greve.

Nova reunião está programada para ocorrer amanhã de manhã e, em seguida, a proposta deverá ser submetida à apreciação dos trabalhadores.

A montadora já cedeu no que diz respeito ao adicional noturno. Inicialmente, a montadora propôs redução do valor pago de 30% para 20% – percentual que é exigido por lei. Segundo Cidão, a empresa desistiu de alterar esse benefício.

Já foi acordado que neste ano os funcionários não receberão aumento, e sim um abono salarial cujo montante ainda não foi definido. Para 2017, o reajuste será corrigido com 70% da inflação acumulada medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e outros 30% serão pagos por meio de abono. Quando as negociações foram iniciadas, a GM propunha divisão igualitária. Apenas em 2018 os salários deverão voltar a ser corrigidos regularmente.

A GM foi procurada pelo Diário, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.Hoje há 9.200 funcionários.

Pelas redes sociais, a proposta de acabar com a estabilidade para os lesionados foi criticada por oposicionistas à direção do sindicato. “É o maior ataque aos direitos dos trabalhadores da GM na história”, diz o texto do grupo ligado à CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil).

A legislação prevê que, por até cinco meses, parte dos salários do pessoal em lay-off é paga pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Passado esse período, a empresa tem de arcar sozinha com os vencimentos dos afastados – no caso, por três meses. 




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