A retração, que foi maior do que a observada (-17,9%) na média das MPEs do Estado de São Paulo, refletiu em grande parte a perda do poder aquisitivo da população no período, segundo os analistas do estudo. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, a retração das vendas das companhias de pequeno porte nos sete municípios chega a 20,2% na comparação com mesmo período de 2002. Já em relação a janeiro último, houve retração nas vendas de 1,7% no Grande ABC.
“A presença de um pólo de grandes empresas exportadoras no Grande ABC vinha amenizando a queda de renda dos trabalhadores durante o ano passado, mas as exportações já não tem compensado mais essa perda do poder de compra. Para as micro e pequenas, o grande mercado é o mercado interno”, afirmou o economista do Sebrae Pedro João Gonçalves.
A entidade aponta que, em média, 85% das micro e pequenas no país são do setores de comércio e serviços, como lojas de roupas, lanchonetes e restaurantes, que têm forte relação com a evolução da massa de renda, calculada pelo rendimento do trabalhador e pelo total de ocupados. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram que o rendimento real dos ocupados nas principais regiões metropolitanas do país teve perda de 7,3% em janeiro na comparação com mesmo mês de 2003.
Gonçalves afirmou ainda que a retração de 1,7% das vendas em fevereiro ante janeiro já era esperada, pelos dias úteis a menos, em função do Carnaval e de ser um mês mais curto. Nessa comparação, a variação negativa da média estadual foi maior (-3,5%). A menor queda do faturamento é atribuída ao fato de a indústria ter retornado das férias coletivas em fevereiro. A região tem concentração do setor industrial superior à média da economia paulista.
A pesquisa aponta também que, nas MPEs do Grande ABC, o nível de ocupação se mantém em retração (-7,3% em relação a fevereiro de 2003 e -0,7% ante janeiro último), na média paulista há estabilidade na duas comparações. Para o economista da entidade, as micro e pequenas indústrias da região, muitas das quais fornecem insumos e serviços para grandes companhias, estariam tendo de reduzir mais seus quadros por conta de ganhos de produtividade, para se tornarem mais competitivas.
Gonçalves prevê no curto prazo que as exportações ainda terão efeito relevante como motor de crescimento e no segundo semestre, à medida que a renda da população for se recompondo, pela estabilidade inflacionária, as vendas das micro e pequenas podem ser mais beneficiadas.
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