Como a Federaçao Baiana de Futebol foi obrigada a cumprir a liminar da 17ª Vara Cível de Salvador, que reprogramou a partida para o Estádio da Fonte Nova, o juiz uruguaio Gustavo Mendez decretou a vitória do Bahia por WO. A federaçao, no entanto, nao concedeu oficialmente o título ao Bahia, alegando que o caso está sub judice. Com isso, a taça e as medalhas que seriam entregues aos jogadores nao foram levadas para a Fonte Nova.
Os poucos torcedores que compareceram aos dois estádios comemoraram o título para as suas equipes, como se houvesse ocorrido a partida. Até os técnicos se consideraram vencedores. "É a premiaçao de um grande trabalho que fizemos no campeonato", disse Joel Santana, do Bahia.
Ricardo Gomes, do Vitória, achou que sua equipe mereceu o campeonato por ter feito a melhor campanha no torneio. Até um trio elétrico apareceu no lado de fora da Fonte Nova para animar os torcedores num desfile até a Igreja do Senhor do Bonfim, uma tradiçao quando clube ganha títulos.
Enquanto isso, no Barradao, o presidente do Vitória Paulo Carneiro disse que o clube deve entrar amanha no Tribunal de Justiça Desportiva da Federaçao com um recurso pedindo a anulaçao do jogo, alegando que teria ocorrido uma série de irregularidades. Ele disse, inclusive, que o clube nao recebeu oficialmente o comunicado da FBF, reprogramando a partida para a Fonte Nova. De fato os funcionários da federaçao nao conseguiram entregar a notificaçao porque ninguém no Vitória quis receber e a FBF precisou fazer publicar um edital sobre o assunto na ediçao de hoje do jornal A Tarde.
A briga toda começou no final da decisao do segundo turno, quando o Bahia perdeu por 2 a 1, para o Vitória no Barradao, estádio situado na periferia de Salvador e com a metade da capacidade da Fonte Nova.
Torcedores e diretores do Bahia alegaram terem sido agredidos. Com isso o presidente do Bahia Marcelo Guimaraes, disse que nao jogaria mais no Barradao.
Para colocar o plano em prática, o Clube de Regatas Itapagipe, dirigido por torcedores do Bahia, moveu uma açao popular no Justiça Comum, alegando que o Barradao nao oferecia condiçoes de segurança e de público para uma decisao de campeonato baiano. O juiz Clésio Rosa concedeu a liminar, sexta-feira, transferindo o jogo para a Fonte Nova, provocando toda a confusao. Além disso, uma outra liminar garantiu a presença na decisao dos jogadores Bebeto Campos e Isaías suspensos por doping. Eles acabaram nao entrando em campo já que haveria o WO.
O Vitória também entrou com uma açao, mas no TJD da FBF, requerendo a anulaçao do primeiro jogo da decisao vencido pelo Bahia por 2 a 0, domingo passado. Nessa partida, o Bahia colocou em campo os dois jogadores acusados de doping que ainda nao tinham sido suspensos pois faltava a realizaçao da contraprova.
Diante desse cenário, a direçao do Vitória consultou o advogado carioca Valed Perry, especialista em justiça esportiva e este aconselhou o clube a nao ir a campo neste domingo. "Isso tudo é uma fraude evidente, pois todos sabem que o Bahia está por trás da açao do Itapagipe", disse Perry, achando que o clube desrespeitou a legislaçao esportiva e as normas da Confederaçao Brasileira de Futebol e da Fifa. "Se uma fraude dessas fosse permitida pela justiça seria o fim do mundo", ironizou. O advogado do Vitória lembrou também que o Bahia nao poderia recorrer à Justiça Comum antes da Desportiva.
Já o advogado do "laranja" do caso, o Itapagipe, Celso Castro disse que nao se pode punir a quem recorre ao Judiciário. "Nao existe mais ditadura no Brasil", resumiu.
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