Cultura & Lazer Titulo Música
Malandro da nova geração
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
11/02/2012 | 07:30
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Divulgação


Cria da Lapa desde os tempos em que as coisas não andavam bem por lá, Moyseis Marques cresceu e apareceu junto com a região. Hoje, um dos melhores expoentes do novo samba, mostra o resultado do seu trabalho em 'Pra Desengomar' (Biscoito Fino, preço médio R$ 35), seu terceiro disco, o primeiro inteiramente autoral.

Mineiro criado no Rio, Marques "não vem de família de artista", sua aproximação com a música aconteceu de maneira gradual. De cantor de barzinho e vocalista em banda de forró, descobriu o samba como quem descobre nova vida. E se vê extasiado pela poesia que um horizonte novo em folha desvela.

"Quando tocava em barzinho e violão era tudo muito intuitivo, fazia a primeira coisa que vinha na minha cabeça, era mais ingênuo. Quando me deparei com um tipo de música mais séria, percebi que o buraco era mais embaixo, e comecei a conciliar a noite com a faculdade de música", diz ele.

O esmerilho veio com a descoberta de gente como Chico Buarque, Monarco, Wilson Moreira, Zé Keti e Paulinho da Viola. "Foi quando me deparei com a poesia, me familiarizei com a filosofia do samba."

A estafante rotina da noite venceu os estudos, mas o aprendizado, em contrapartida, foi garantido na fonte. "O samba tem propriedade, de você fazer, conquistar a confiança dos baluartes calcado na tradição. É importante você fazer a coisa certa. Me familiarizei com essa coisa de esperar sua vez na roda de samba, do tudo é de todos."

Daí para os discos, fermentou-se em Marques a sua própria tradição. Apresentações com casa cheia, trilha sonora em novela e cada vez mais parceiros, como os que reúne no álbum, entre eles Edu Krieger, Zé Paulo Becker e Moacyr Luz.

"Faço parte de uma geração muito reverente, que queria saber, estar perto dos sambistas mais autênticos, a última África que nos resta. Agora vivemos momento em que conseguimos encontrar caminho novo. Nosso samba está modificando, trazendo elementos novos, e isso está refletido também nas letras."

Vozeirão e samba rico, de peso e propriedade, são os pratos servidos no CD. Um olhar de cronista é a especialidade que ele traz do passado. "Tem crônica, romance e reflexão. Além do samba, tem forró, um tempero baiano que é uma influência que eu tenho."

O resultado, diz ele, é feito para descontrair. "Pra Desengomar é para simplificar. É um disco sobretudo leve, vem em contraponto ao disco anterior, que era um pouco denso."

Mais simples não quer dizer menor. Versos vazios não têm vez na obra e o batuque é repleto de nuances, encorpado nos acordes. "Gosto mais da palavra carinho do que sofisticação. É um disco com letra, melodia, harmonia e zelo."




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