Foram conhecidas ontem as penas definitivas - ao menos na esfera esportiva brasileira - dos envolvidos no maior escândalo de doping que abalou há nove meses o atletismo do País. Em novo julgamento, realizado em Manaus, o STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) decidiu que os técnicos Jayme Netto Júnior e Inaldo Sena - que admitiram ter permitido o uso do hormônio eritropoietina em seus atletas - fossem banidos do esporte.

Enquanto isso, os cinco atletas flagrados no exame antidoping surpresa que foi realizado em Presidente Prudente, em julho passado, acabaram suspensos por dois anos: Bruno Lins, Jorge Célio Sena, Josiane Tito, Lucimara Silvestre e Luciana Franca. Já Evelyn dos Santos e Rodrigo Bargas, que também eram treinados por Jayme Netto mas tiveram resultado negativo em seus testes, foram suspensos por seis meses.

O novo julgamento ocorreu após recurso da CBAt junto ao STJD. O caso já havia sido levado à justiça desportiva em 11 de março, quando a CDN (Comissão Nacional Disciplinar) analisou o assunto. Na ocasião, os técnicos haviam sido suspensos por quatro anos e os cinco atletas por um, embora a regra da Wada (Agência Mundial Antidoping) especifique pena de dois anos em caso de doping. Naquela vez, Evelyn e Rodrigo sequer foram pronunciados - o caso deles foi desqualificado e arquivado.

O resultado anterior desagradou totalmente aos representantes da Anad (Agência Nacional Antidoping), que esperava que os envolvidos fossem severamente punidos, o que ocorreu agora.

A Comissão de Inquérito, formada por membros da CBAt, entrevistou todos os participantes no escândalo e recomendou duras punições. "Acho que o tribunal entendeu os fatos e aplicou as regras da Federação Internacional", disse o presidente da Anad, Thomaz Mattos de Paiva, Uma possível contestação só cabe à CAS (Corte Arbitral do Esporte), na Suíça.