Formada em Música, ela já cantou e abriu shows de artistas como Beth Carvalho, Roberto Carlos, Alcione, Sidney Magal, entre outros. Foi vocalista de diversas bandas e gravou três CDs independentes. Os tempos mudaram e o amor pelo Direito a fez redirecionar o foco. Formou-se e seguiu com o curso para a magistratura federal.

Ao perceber que o estudo tomava muito do seu tempo, o que a fez deixar a família em segundo plano, mudou de rumo novamente, mais especificamente há seis meses. Maria Cleo, de São Caetano, tornou-se designer de bolsas por acaso e há dois meses está com um showroom no bairro Santa Paula.

"Passando em frente a uma fábrica de bolsas no Ipiranga quis fazer um modelo exclusivo para mim. Eu e meu marido paramos e encomendei o acessório do jeito que queria.

Perguntei se poderia ir junto com o rapaz que faria a bolsa para acompanhar todo processo, desde a escolha da pele e ferragens até a montagem", relembra Cleo, como é comumente chamada pelos amigos e familiares. O resultado deu certo. As amigas gostaram tanto que ela encomendou mais quatro modelos.

SOB ENCOMENDA - Foi então que o marido teve a ideia de montar uma fábrica de bolsas artesanais. Pouco tempo depois estavam com o maquinário completo e o que era em princípio uma vontade distante se tornou realidade.

Atualmente, a produção é de quatro bolsas por dia, com cerca de 35 modelos diferenciados. A equipe de funcionários é composta por seis pessoas . "Não é a quantidade que importa, mas sim a qualidade. Quero perfeição na costura, em cada detalhe e acabamento, deixando a bolsa completamente artesanal", frisa a designer, que faz questão de acompanhar de perto todo o processo de fabricação e também arrisca desenhar algumas peças.

Um dos diferenciais é o fato de as mulheres poderem ter o acessório sob encomenda. Os preços variam de R$ 300 a R$ 3.100. Basta escolher o couro, as ferragens e o formato. O prazo de entrega para um acessório personalizado é de dez dias. Cleo também produz carteiras e semijoias e tem bolsas pronta-entrega em seu showroom.

RECORDAÇÕES - Ao remexer ‘arquivos' antigos de sua memória, Cleo se deu conta de que o amor pela fabricação de bolsas artesanais foi herdado de seu pai Antonio, falecido no ano passado.

Por mais de uma década o progenitor fez sapatos à mão para o clã Matarazzo. "Ele não tinha uma máquina sequer, cortava as solas dos calçados nos moldes que ele mesmo criava. Quando criança ficava vendo meu pai cortar, costurar à mão com agulhas que ele produzia. Meu pai usava cordões encerados, que eram tingidos em casa. Os calçados pareciam uma pluma de tão leves", relembra, com emoção. E se depender de Cleo, o ofício de seu Antonio ainda perdurará por muitos e muitos anos na família.