Os consumidores do Grande ABC que pretendem aproveitar os feriados da Semana Santa para se deliciar com bacalhau já devem começar a pesquisa antes de efetivar a compra. A reportagem do Diário percorreu estabelecimentos da região e encontrou variações significativas – de até 41% – nos preços do produto.

Os pratos à base de bacalhau já se tornaram tradição principalmente na Sexta-Feira da Paixão, quando a Igreja Católica recomenda que os fiéis evitem carnes vermelhas. As vendas nesse período chegam a ser 80% superiores que as do restante do ano. O Natal é a segunda data com maior consumo de bacalhau, com aumento de cerca de 30%.

As maiores diferenças no levantamento efetuado pela reportagem estão nos valores cobrados pelo bacalhau do Porto – o mais caro e saboroso entre todos os tipos (e não marcas) encontrados no mercado. Um quilo de bacalhau do Porto custa R$ 59,90 no Empório Armazém, em São Bernardo, e R$ 34,90 na rede de supermercados Extra, que tem cinco unidades na região – diferença de 41%. No bacalhau do tipo Cod, que também é considerado de boa qualidade, a diferença entre os preços chega a 35%. No Empório Armazém, o quilo do pescado custa R$ 49,90, e no Extra, R$ 32,90.

A maioria dos estabelecimentos vende o bacalhau por quilo, com pele e espinhas. O consumidor também pode encontrar o produto dessalgado, cortado em postas, em lascas, mas os preços mudam. A exceção é o Empório Armazém, onde o lombo do pescado (a parte mais nobre do peixe) pode ser comprado já limpo e cortado, pelo mesmo preço.

No Empório do Bacalhau, em São Bernardo, o consumidor encontra apenas o bacalhau do Porto, vendido a R$ 39,90 o quilo. Se a pessoa optar pelo lombo, irá pagar R$ 49,90. Se quiser o lombo dessalgado, o preço salta para R$ 59,90. “A expectativa é vender 600 quilos, 50% a mais que no ano passado”, afirma o proprietário Francisco Flauso Pereira, que também está a frente do restaurante Bacalhau e Vinho Verde.

Os tipos Ling e Saithe são os mais populares entre os consumidores por causa dos preços mais acessíveis. “O Saithe é ideal para ser preparado com batatas, pimentões e outros acompanhamentos. O Zarbo, apesar de mais caro, não é tão conhecido pela dona-de-casa”, diz Rene Sorrentino, proprietário da Laticínios Verona, há 30 anos instalada ao lado do Mercado Municipal de Santo André. Sorrentino espera vender 500 quilos de bacalhau até a Páscoa, a mesma quantidade do ano passado. Na casa, o quilo do Zarbo custa R$ 32 e o do Saithe, R$ 24.

A rede de supermercados Coop tem uma expectativa mais otimista para este ano e pretende vender 12,5% mais bacalhau que na Páscoa de 2004 – 40 mil quilos dos cinco tipos existentes no mercado. “Passamos a fazer importação direta, o que torna os preços mais competitivos. Assim, esperamos vender mais”, diz o gerente comercial da rede, Valdomiro Sanches Bardini.

O Ling pode ser encontrado mais facilmente em redes de supermercados. Os preços por quilo variam entre R$ 28,90, no Extra, e R$ 34,90, no Pão de Açúcar. Na Coop, o quilo do bacalhau Ling custa R$ 33,49. Os preços, em geral, ainda devem sofrer variações até a Páscoa, de acordo com a demanda e os estoques. “Em função das vendas os preços podem subir ou cair”, diz Bardini.

Qualidade – O consumidor precisa ficar atento a algumas características do produto para não ficar decepcionado com o resultado final das receitas que pretende elaborar. O bacalhau do Porto tem espessura larga, principalmente no centro, e as laterais são mais finas. A carne é firme, mas não é seca. Quando em lascas, os pedaços são graúdos e não esfarelam. “O lombo pode ser grelhado e servido apenas com azeite que fica muito saboroso”, diz Sara Amorim, proprietária do Empório Armazém.

O Cod é bastante semelhante, mas tem durabilidade menor. Os tipos de qualidade inferior são mais finos e secos. O Cod e o Porto são os únicos que formam lascas graúdas. Os outros podem ser desfiados. Seja qual for o tipo ou o preço, o bacalhau precisa estar firme e sem nenhum tipo de mancha, o que mostra que o produto foi conservado corretamente e pode ser consumido sem preocupações.