A comunidade umbandista do Grande ABC comemorou domingo o primeiro centenário da religião no Santuário Nacional de Umbanda, em São Bernardo.

De acordo com os organizadores do evento, pelo menos 5.000 pessoas participaram das comemorações que se estendeu por quase todo o domingo.

Para o presidente da Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros de Diadema e vice-presidente do Conselho Nacional Umbandista, Cássio Ribeiro, um dos principais desafios da religião é eliminar estigmas impostos por parte da sociedade.

"Muitos ainda tem vergonha de se assumir como umbandistas por conta do preconceito sofrido", explica.

Ribeiro acredita que pelo menos 15% de toda população do Grande ABC seja seguidora da religião.

"O número pode ser maior, pois, tem gente que deixa de se declarar como umbandista até mesmo na hora de responder ao censo".

Para se ter uma idéia, somente em Diadema são 400 terreiros.

Domingo, os religiosos aproveitaram o dia de comemoração para fazer suas preces e oferendas no Santuário.

Ogum (São Jorge para parte dos cristãos), era uma das figuras com maior número de homenagens.

O Santuário Nacional de Umbanda existe há 33 anos. Foi construído na região da Reserva Natural do Parque do Pedroso onde antes funcionava uma pedreira.

"É um espaço para o umbandista exercer sua fé", explica o presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, Ronaldo Linares.

O local degradado por conta da atividade antes exercida na pedreira foi revitalizado pelos umbandistas para que os ritos pudessem ser realizados.

"Mantendo esse espaço ainda ajudamos a limpar a cidade. Tudo o que é biodeagradável aqui (material das oferendas) vai para o minhocário e vira húmus para a terra", esclarece Linares.

A umbanda é uma religião criada no Brasil. Seus cultos agregam influências de três vertentes: indígena, com seus elementos de exaltação da natureza, kardecista, responsável pela crença nas encarnações, e africana.