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Usinas exportam álcool especial para produzir saquê
Do Diário do Grande ABC
19/10/1999 | 15:53
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Um tipo de álcool etílico hidratado, quimicamente controlado, feito sob encomenda, poderá substituir a partir do próximo ano o álcool de milho para a fabricaçao do saquê, bebida típica japonesa.

A Usina da Pedra, de Serrana, e a Usina Ibirá, de Santa Rosa do Viterbo, do empresário Pedro Biagi, foram as primeiras a atender o pedido feito por uma empresa japonesa. Em setembro, segundo a diretoria da Usina da Pedra, foram exportados 5,75 milhoes de litros do álcool especial.

O diretor industrial da usina, Godofredo Fernandes Machado, informa que o álcool foi encomendado com especificaçoes pré-determinadas em agosto e foi comercializado via Copersucar. "Nao conhecemos diretamente o cliente, mas mediante as especificaçoes sabemos que esse tipo de álcool é destinado à ingestao humana", explicou. As especificaçoes indicam que o álcool deve ter um maior teor etílico e a total reduçao do metanol e de outros componentes químicos.

O volume exportado corresponde a 75% do total comercializado pela Copersucar com o Japao. A terceira usina a fabricar o produto nao foi identificada. "Pelo menos 30% das 300 usinas existentes no país hoje tem condiçoes de atender a esse pedido", explicou. Para Machado, a comercializaçao do álcool quimicamente mais controlado pode ser um novo nicho de mercado de exportaçao de produto a partir da cana-de-açúcar. Essa á a primeira vez desde 1991 que o Japao compra álcool brasileiro.

O executivo acredita que reconquista do mercado japonês se deva a uma política de exportaçoes mais agressiva por parte do Brasil, aproveitando a competitividade do produto, já que o preço do álcool da cana-de-açúcar é pelo menos a metade em relaçao ao preço do produto obtido a partir de outra cultura. "Se considerarmos a queda do dólar junto a isso, o preço fica imbatível no mercado mundial", disse.

Apesar do preço comparativamente mais baixo do que os similares encontrados no mercado, no entanto, o custo de produçao do álcool quimicamente mais controlado é pelo menos 20% superior ao álcool hidratado convencional. "Mas também há compensaçao no preço final que acaba sendo comercializado por um valor 20% maior do que o pago no mercado, em torno de R$ 0,40", afirmou Machado.

Apostando na abertura deste "nicho", o diretor industrial disse que a Usina da Pedra e a Ibirá mantém juntas um estoque de 20 milhoes de litros à espera de novas encomendas. "Se precisar, transformamos toda nossa produçao", comentou. Ele nao soube estimar qual a capacidade deste mercado e também nao revela o valor da operaçao.

No ano passado, o grupo, que compreende ainda a Usina Buriti, teve faturamento de R$ 158 milhoes, moendo 5,62 milhoes de toneladas de cana, para a produçao de 320 milhoes de litros de álcool e 5,43 milhoes de sacas de açúcar.

A expectativa para a safra 99/00 é de moer 5,24 milhoes de toneladas para a fabricaçao de 5,28 milhoes de sacas de açúcar e 315 milhoes de litros de álcool. Pelo menos quatro milhoes de toneladas já haviam sido moídas até setembro. As usinas prevêem que, apesar da alta do álcool, o faturamento deverá ser menor do que no ano passado.




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