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'Nação Coragem' conta história recente da Angola
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
11/11/2003 | 18:26
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A história recente do país africano Angola é contada pelo publicitário e fotógrafo pernambucano Sérgio Guerra por meio de 122 imagens em cores e em preto-e-branco reproduzidas no livro Nação Coragem – Um Registro de Angola (Edições Maianga, formato 31,5 cm x 42 cm, 160 págs., R$ 240 em média).

A publicação mostra “a enorme capacidade de superação do sofrido povo angolano, que, depois de enfrentar quatro décadas em guerra, hoje vive em paz, em reconstrução, embora com dificuldades”, conforme disse o autor em entrevista por telefone concedida ao Diário de Luanda, a capital daquele país.

O lançamento da obra ocorrerá na próxima segunda-feira (dia 17) em São Paulo, na Fnac Pinheiros (avenida Pedroso de Moraes, 858. Tel.: 3097-0022), e no dia seguinte no Rio, na Livraria da Travessa, em eventos que contarão com a presença do autor. Em Angola, a previsão é de que o livro saia em dezembro. Exposições de imagens selecionadas do título marcam os lançamentos no Brasil.

O registro de como o povo angolano vive atualmente é feito por meio de imagens realizadas por Guerra ao longo de cinco anos nas 18 províncias que compõem aquele país. São cenas nas quais são reveladas tanto suas alegrias quanto suas tristezas.

Figuram na obra de feições de dor das pessoas que perderam familiares na guerra a sorrisos das crianças brincando; da arquitetura de uma igreja marcada a balas à exuberância de um prédio de uma instituição financeira; do caos urbano à beleza natural.

Algumas imagens do livro são acompanhadas por textos de personalidades brasileiras e angolanas, que foram reproduzidos no português original de cada autor, respeitando as diferentes grafias praticadas em cada um dos países.

Do Brasil, participam o escritor João Ubaldo Ribeiro, o músico Djavan e a ministra Benedita da Silva, entre outros. Os escritores José Mena Abrantes e Ulienge W‘Osimbu estão entre as pessoas de Angola que prepararam textos para o título.

Dados sobre a geografia do país e datas da história angolana ganharam espaço ao final do livro, onde constam informações que ajudam o leitor a entender melhor a situação atual de Angola.

São mencionados, por exemplo, o início da luta armada em 1961; a conquista da independência de Portugal em 1975; a guerra civil nos anos 90; e os acordos de paz entre o Governo de Angola e a Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola) assinados em abril de 2002.

Mesmo com as quatro décadas em guerra, o que gerou um milhão de vítimas fatais, dez milhões de minas espalhadas pelo país e cerca de 70 mil pessoas mutiladas, Angola tem “coragem para viver, coragem para morrer, coragem para renascer”, como Guerra escreve na apresentação do livro.

No mesmo texto, o autor diz: “Vi o que é a dor da guerra, vi a felicidade de uma união, vi a alegria pela paz. Vi uma Nação que mostra a sua cara, que não escamoteia os seus problemas por mais sofridos que possam ser, a fome do seu povo, as muletas dos mutilados ou o torpor das crianças de rua. Uma Nação que muito se degradou com as agressões e a irracionalidade de alguns, com o silêncio de outros”.

“Olhar Angola através das lentes do Sérgio é ter um reencontro com os meus antepassados, é viajar nos navios negreiros do tempo, quando nossos ancestrais vieram para o Brasil, numa diáspora não consultada e não desejada”, escreveu Benedita da Silva, lembrando as relações entre Brasil e Angola.

O autor Guerra está em Angola desde 1998, ano em que sua empresa (Link Comunicação e Propaganda) foi contratada pela presidência daquele país para atuar nas áreas de comunicação e marketing do governo. Encabeçando essa atividade, ele concebeu o programa Nação Coragem, exibido pela Televisão Pública de Angola.




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