Economia Titulo
Número de famílias com dívidas recua
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/09/2011 | 07:06
Compartilhar notícia


A situação financeira das famílias brasileiras vem melhorando mês a mês neste ano. Isso é o que ilustra o resultado da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Em setembro, 61,6% das famílias estavam endividadas. É o menor percentual desde janeiro, quando o registro era de 59,4%.

Em relação a agosto, houve redução de 0,9 ponto percentual. Mas sobre o resultado do mesmo mês do ano anterior, o cenário é de piora, tendo em vista que setembro de 2010 tinha 59,2% das famílias endividadas.

O levantamento da CNC teve início em janeiro de 2010. Desde aquela época, a Peic é atualizada com 18 mil entrevistados em todas as capitais e no Distrito Federal. As dívidas consideradas no estudo são de cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro e casa e outras dívidas que não se encaixam nessas modalidades.

A economista da CNC Marianne Hanson disse que o recuo nos níveis de endividamento das famílias brasileiras apresenta tendências de baixa, tendo em vista que setembro foi o quarto mês de queda para o resultado, após pico de 64,2% em maio.

Entre as variáveis que podem ter contribuído para que o número de consumidores com dívidas caísse estão as medidas macroeconômicas que o Banco Central vem tomando desde o fim do ano passado. "O aumento do custo do crédito (proporcionado pelas medidas de restrição do BC) tem levado as famílias a ficarem mais cautelosas quanto às novas contratações", explicou.

RENDA - A renda das famílias é fator determinante para o seu endividamento, aponta a pesquisa da CNC. Enquanto 62,7% dos domicílios com renda abaixo de dez salários-mínimos, ou R$ 5.450, mantêm dívidas, apenas 55,1% dos consumidores cujo rendimento familiar mensal supera este valor assumiram estar endividados.

Marianne explicou que esta diferença de renda é vista desde o início da pesquisa. "As famílias que estão em grupo de renda maior têm melhores condições de manter suas dívidas pagas. Elas têm mais flexibilidade para quitar seus débitos", avaliou a economista. Entre as explicações para este cenário está maior conforto que os mais endinheirados têm para liquidar gastos básicos como alimentação, transportes, Saúde, Educação e habitação. Portanto a renda disponível acaba subindo.

As dívidas em atraso também caíram em setembro. Segundo a Peic, 24,3% das famílias afirmaram ter contas atrasadas, contra 24,4% em agosto e 24,7% em setembro de 2010. 

 

Mais consumidores afirmam que vão honrar seus débitos 

O número de famílias que informaram não ter condições para pagar suas dívidas caiu 0,2 ponto percentual em relação a agosto, atingindo 8% do total em setembro. Em 2010, o nono mês do ano tinha 9% das famílias sem dinheiro suficiente para liquidar seus débitos assumidos, aponta a Peic.

Na avaliação da economista da CNC Marianne Hanson, a redução no percentual de pessoas que terão dinheiro suficiente para pagar seus débitos é sinal de que a inadimplência, que apresentou leve expansão nos últimos meses, continuará em alta moderada. "O resultado é visto como perspectiva positiva. Mesmo sem o vigor do ano passado, o mercado de trabalho está favorável, com índices de emprego e renda subindo neste ano, o que melhora a confiança do trabalhador em relação a honrar suas dívidas."

E a maior pressão está na mão daqueles consumidores que ganham menos. Isso porque 8,6% das famílias com rendimento médio mensal de dez salários-mínimos afirmaram que não terão condições para liquidar seus débitos. Por outro lado, apenas 4,2% do grupo que indicou ter faturamento superior aos dez salários-mínimos não serão capazes de pagar suas contas.

 

Cartão de crédito domina a lista de devedores

O cartão de crédito é a modalidade mais citada pelos consumidores como principal dívida. Segundo a Peic da CNC, 72,1% dos entrevistados afirmaram que o plástico está no topo da lista. Os juros da modalidade, mais caros do mercado, são próximos aos 10,6% ao mês.

Os carnês do comércio ficaram como a segunda principal dívida dos brasileiros no levantamento da CNC. Ao todo, 21,7% das famílias afirmaram ter contas deste tipo. Em setembro de 2010, 24,6% tinham débitos no carnê.

O crédito pessoal garantiu a terceira posição, com 10,4% dos entrevistados, seguido do financaimento de carro, com 9,2%, e o cheque especial, um dos mais caros do mercado financeiro (187% ao ano), com 7,6% dos consumidores lembrando da modalidade como uma das principais dívidas.

SITUAÇÃO - Aumentou o percentual de famílias que se consideram muito endividadas neste mês em relação a setembro de 2010, passando de 14,9% para 16,3%.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;