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Para Marinho, manter Selic será 1º erro grave do governo
20/05/2003 | 23:23
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O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, afirmou terça-feira que o Copom (Comitê de Política Monetária) deveria reduzir a taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 26,5% ao ano, na reunião que realiza até esta quarta-feira, em Brasília. “Faço torcida para que o Copom acerte desta vez, pois a manutenção dos juros nos níveis atuais seria o primeiro grave erro deste governo”, disse.

Para Marinho, o governo deve começar a reduzir gradativamente os juros para reativar o setor produtivo. Apesar da manutenção das elevadas taxas, Marinho acredita que os efeitos ainda não recaíram fortemente sobre este setor: “Porém, se as taxas continuarem nos níveis atuais, os reflexos sobre a economia poderão ser muito graves.”

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que não saberia fixar qual deveria ser o nível ideal para as taxas de juros: “Isso deve ser definido pelas autoridades monetárias.” Mas tem certeza de uma coisa: “Os juros devem baixar. E já.”

Wall Street – A manutenção dos juros sem viés em 26,5% ao ano hoje já “está no preço” da maioria das projeções em Wall Street, mas muitos analistas em Nova York acreditam que a reunião deste mês pode ser a última em que o comitê estaria preocupado com a inflação de 2003. O BC poderá, a partir da reunião de junho, direcionar a política monetária para a meta de inflação de 2004, de 5,5%, o que pode representa mais espaço para um corte dos juros.

As expectativas do mercado, segundo a pesquisa semanal divulgada na segunda-feira pelo BC, são de uma inflação de 7,64% em 2004. Para 2003, as expectativas (de 12,19%) estão mais longe ainda da meta ajustada para este ano, de 8,5%. Para o estrategista-sênior de renda fixa para mercados emergentes da Merrill Lynch, Felipe Illanes, é possível o BC começar a focar de forma mais explícita já a partir de junho a meta de inflação para 2004, “o que não seria diferente dos anos anteriores dado o efeito retardado, de aproximadamente seis meses, da política monetária sobre a inflação”.

No entanto, Illanes acredita que atingir a meta de 2004 passa por manter uma política monetária consistente com o objetivo de quebrar o componente inercial nos preços. “Não significa que haverá cortes massivos da taxa de juros porque (o BC) não está se importando com a meta de 2003”, alertou o estrategista. “Mas o fato de as expectativas inflacionárias para 2004 não estarem tão longe da meta abre mais espaço para um corte de juros”, acrescentou.

Illanes acredita que já em junho é possível haver um primeiro corte da taxa Selic, dependendo de como irá evoluir o componente inercial nos índices de inflação. “O fato de as expectativas estarem mais próximas da meta do ano que vem é um elemento importante, como também a evolução das expectativas da inflação para 12 meses. Contudo, o ponto-chave é que o BC está prestes de controlar o processo inercial e se der essa tarefa como já ganha, poderá alimentar novamente as expectativas”, explicou Illanes. “De fato, estamos muito próximos de o BC mudar o foco da política monetária para a meta de 2004”, acrescentou.

Na opinião do economista-chefe para as Américas do Standard Chartered Bank, Doug Smith, o Copom deverá focar sua decisão em vista da inflação de 2004 em junho ou julho. Para quarta-feira, ele mantém a aposta de manutenção da taxa Selic em 26,5% ao ano sem viés. “O trabalho para a inflação de 2003 já está pela metade, ou seja, em um ou dois meses ficará claro que a meta de 2003, de 8,5%, será inatingível”, afirmou Smith.




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