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Importação atinge móveis corporativos
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
16/10/2011 | 07:30
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Divulgação


A invasão de produtos importados também chegou à área de móveis corporativos (de escritório). Para defender o segmento e também estabelecer estratégias para reduzir os custos do setor, a Associação Brasileira de Mobiliário Corporativo estabeleceu linhas de ação: uma delas é se reunir com fornecedores de matérias-primas para negociar compras coletivas e, a outra, estabelecer diálogo com o governo federal para relatar as preocupações da indústria nacional.

Segundo o presidente da Abramco, Gérson Trama, já há contatos com empresas fabricantes de placas de MDF (em inglês, painel de fibras de madeira) ou de aglomerado, aço, plástico, parafusos e dobradiças para buscar a redução de custos, com aquisições em larga escala desses itens.

A intenção é fechar valores melhores, entre outros motivos, para reduzir custos e fazer frente à importação. Uma das constatações do segmento é a dificuldade de competir, no quesito preço, com produtos chineses.

O dirigente cita que cadeiras de escritório trazidas do país asiático são vendidas em redes de hipermercados por R$ 100 a R$ 120, enquanto o valor normal de mercado gira em R$ 200. E apesar de os itens da China, muitas vezes, terem acabamento inferior e só possuírem garantia legal de três meses, frente aos cinco anos oferecido por muitas das empresas nacionais, o preço baixo gera perda de clientes.

Filiado à associação, o empresário Maurício Mendes Pereira, de Santo André, cita que não se trata apenas de defesa de mercado, mas de proteger a indústria nacional de móveis que, na maior parte das vezes, não respeita padrões mínimos de qualidade, que são definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas e que têm de ser seguidos pelas empresas do Brasil.

Pereira acrescenta que os fabricantes vêm investindo para aprimorar seu processo produtivo, e o mobiliário que não respeita as normas atrapalha os negócios.

COM O GOVERNO - Fundada há apenas dois anos para suprir uma lacuna - ou seja, ter uma entidade que representasse especificamente a área de móveis corporativos -, a associação inicialmente era focada em dar suporte técnico e jurídico para a participação de companhias do ramo em licitações públicas. Depois, passou a ter também associados que atuam na venda de produtos para empresas privadas.

Além das compras coletivas, a Abramco também se mobiliza para buscar do governo medidas para conter a entrada dos importados. Para isso, faz levantamento dos números do setor, de vendas internas e da balança comercial. A intenção é ter informações mais precisas de como é a perda de espaço devido aos importados.

 

Empresa da região vem em forte ascensão neste ano

Entre as empresas associadas à Abramco, a Mobiliare, do empresário Maurício Pereira, tem se saído bem, entre outros motivos, pela atuação em um nicho de mercado: atendimento a órgãos públicos, por meio da participação em licitações.

A empresa, que existe há apenas quatro anos, vem em ascensão. Neste ano, projeta crescer 42% em vendas, chegando a R$ 12 milhões de faturamento. Como parte da receita para esse incremento, a companhia, que tem sede administrativa em Santo André, e fábrica em Mairiporã (SP), abriu em janeiro três filiais (no Rio de Janeiro, em Brasília e no Recife).

A ideia foi ampliar sua área de atuação no País, para não ficar restrito às vendas no Estado de São Paulo. E tem dado certo. Com uma estrutura enxuta - são apenas 20 funcionários diretos - e a terceirização da logística de entrega, a Mobiliare conta com portfolio que engloba desde mesas, armários, cadeiras, divisórias e arquivos.

O executivo acrescenta que, além dessa estratégia, o mercado continua aquecido neste ano. Pesquisas recentes mostram que a crise europeia, que pode gerar crescimento econômico menor em 2012, ainda não afetou a confiança das empresas brasileiras.

Em relação aos produtos importados, Pereira cita que, embora as regras das licitações sejam, normalmente, rígidas, às vezes, por falta de conhecimento, há órgãos públicos que fazem editais muito simplificados. Com isso, há margem para a compra de produtos que não seguem as normas, como muitos itens trazidos de países asiáticos.




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