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Obras inacabadas sobrecarregam unidades de Saúde da região

Cinco municípios do Grande ABC têm juntos 15 projetos da área paralisados ou com cronograma de intervenções atrasado

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
02/03/2016 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Obras inacabadas em cinco municípios da região agravam a superlotação e a demora no atendimento de unidades de Saúde do Grande ABC, como o Diário mostrou na edição de domingo. Paralisados em decorrência de falhas cometidas por gestores ou falta de verba, o atraso na entrega desses projetos, em alguns casos abandonados há mais de quatro anos, dificulta cada vez mais o acesso de moradores ao sistema público. Em alguns casos, pacientes chegam a aguardar mais de um ano por consultas.

Levantamento feito pelo Diário aponta que ao menos 15 projetos estão com obras paralisadas ou apresentam atraso no cronograma.

Iniciada em 2008 após liberação de R$ 14,4 milhões pelo governo estadual, mas paralisada em 2013 sob a alegação de dificuldades financeiras da Prefeitura, a construção do Complexo Hospitalar de Ribeirão Pires que, quando pronto, terá 123 leitos é uma das obras que mais enfrenta dificuldade para ser concluída. Segundo a administração municipal, sem o aporte do governo federal para custear o término das intervenções, o projeto não tem data para ser entregue.

Em Santo André, onde cinco obras estão atrasadas, a maior dificuldade está em erros encontrados nos projetos. Paralisadas há quatro anos, as construções das USFs (Unidades de Saúde da Família) Jardim Alzira Franco e Jardim Santo André aguardam a solução de questões jurídicas para serem retomadas. Ambas foram paralisadas em decorrência de falhas no projeto original. No caso da USF do Sítio dos Vianas, também inacabadas pelo mesmo motivo, o governo municipal estuda outro destino ao local, já que o mesmo não será mais utilizado pela Secretaria de Saúde.

Já no Pronto Atendimento da Vila Luzita, onde as obras foram iniciadas em janeiro de 2015 e paralisadas posteriormente após quebra de contrato, as intervenções foram retomadas há cerca de 15 dias, por mão de obra própria. Com entrega prevista para as próximas semanas, a reforma e ampliação do PA Central da cidade foi outra que sofreu com paralisações.

Em Diadema, o problema está na reforma e ampliação de seis UBSs (Unidades Básicas de Saúde). Todas tiveram seus espaços fechados e transferidos para outros locais. Entretanto, a mudança tem gerado lotação em demais equipamentos.

Além disso, o projeto para construção do Centro de Parto Normal não tem data para sair do papel. Segundo a Prefeitura, aguarda a liberação da Caixa Econômica Federal para emissão de ordem de início.

Principal projeto da área em Rio Grande da Serra, a construção da primeira UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade apesar de estar prevista para ser entregue em maio, também teve atraso em suas obras. A unidade deveria ter sido finalizada no ano passado, mas sofreu problemas com a liberação de verba federal.

Já em São Bernardo, a reforma da UBS da Vila Dayse que deveria ter sido entregue em janeiro, ainda aguarda a finalização de 21% de suas obras.

NÚMEROS

Para agravar a situação, dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde) apontam que nos últimos três anos, os municípios do Grande ABC tiveram queda de 4,53% no total de equipamentos de Saúde, incluindo unidades públicas e privadas. Os dados, que levam em consideração quantidade de hospitais, pronto-socorros, unidades básicas e consultórios isolados, mostram que em janeiro de 2012, a região possuía 2.650 estabelecimentos. Já no mesmo período deste ano, eram 2.531.

Na visão do professor da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP (Universidade de São Paulo) Oswaldo Yoshimi Tanaka, a situação da região é crítica. “Tivemos muitas pessoas que perderam o emprego e, consequentemente, o convênio. Com isso, a demanda do SUS deve aumentar em período em que o governo federal está evitando gastos.”

Segundo a coordenadora do Programa Mais Médicos pelo MEC (Ministério da Educação) na região, Vânia Barbosa do Nascimento, a paralisação de obras tem de ser vista com cautela pelas administrações municipais. “São muitos fatores que ocasionam esse problema. Temos questões documentais do terreno, falta de verba, autorização. É preciso que as prefeituras tenham uma equipe capacitada, que saiba lidar com essas variáveis.”




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