Setecidades Titulo Saúde
Instituto e Prefeitura foram omissos, afirma delegado

Titular da Delegacia do Idoso acredita que faltou
assistência às 21 vítimas contaminadas em mutirão

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
02/03/2016 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


O delegado titular da DPI (Delegacia de Proteção ao Idoso) de São Bernardo, Gilberto Peranovich, afirma que houve omissão em relação à assistência por parte da Prefeitura e do Instituto de Oftalmologia da Baixada Santista às vítimas de mutirão malsucedido de catarata realizado no dia 30 de janeiro. Dos 27 pacientes submetidos aos procedimentos cirúrgicos no Hospital de Clínicas, 21 adquiriram infecção bacteriana, sendo que 18 ficaram cegos e um deles morreu. O caso é alvo de inquérito policial.

“Tanto a Prefeitura quanto o Instituto deixaram de dar assistência entre o período de descoberta do problema, no domingo (um dia após a realização das cirurgias), até a nova internação das vítimas, na quarta-feira, conforme os relatos iniciais”, destaca o delegado, que já ouviu o depoimento de 18 pacientes e do profissional responsável pelos procedimentos, Paulo Barição. “O médico fez a parte dele. Procurou se informar sobre as vítimas e levou, por conta própria, amostra da bactéria (Pseudomonas aeruginosa) para análise em laboratório particular”, complementa Peranovich.

Um dos objetivos do delegado é entender, a partir dos próximos depoimentos, se a demora para as internações e cirurgias reparadoras foi determinante para a gravidade dos casos. “Vou ouvir os médicos que atenderam as vítimas na rede particular. Será que se eles (pacientes) tivessem sido internados rapidamente seria diferente?”, questiona.

Outra questão que Peranovich pretende investigar é a respeito dos protocolos seguidos pela Comissão de Combate à Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas após a notícia das contaminações no mutirão.

Ainda com o objetivo de esclarecer dúvidas, Peranovich oficiou o CFM (Conselho Federal de Medicina) e o CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia). “Vamos entender se existe protocolo para a realização de mutirões, limite máximo de pacientes”, comenta.

Até o fim da semana, o proprietário do Instituto de Oftalmologia da Baixada santista, Elcio Roque Kleinpaul, será ouvido pela polícia. A empresa mantém convênio com a Prefeitura desde 2013 e já recebeu R$ 2,4 milhões, sendo R$ 177,7 mil apenas neste ano. O contrato, no entanto, foi suspenso pela Secretaria de Saúde do município após constatadas falhas no mutirão.

A expectativa do delegado é que a análise da Vigilância Sanitária de São Bernardo e também o laudo complementar do IML (Instituto Médico-Legal) apontem as causas da contaminação. Não há prazo para que os documentos sejam entregues à polícia. “Só a partir disso teremos conclusão penal para o inquérito. Saber se o problema estava no instrumento do médico, esterilizado um dia antes no PS Central (conforme depoimento prestado na semana passada), ou nos insumos fornecidos pelo instituto e pela Prefeitura. Foram lesões gravíssimas e as pessoas querem resposta. Nosso compromisso é com a verdade”, ressalta Peranovich.

O mutirão também é alvo de inquérito civil instaurado pelo MP (Ministério Público), via Promotoria de Saúde Pública de São Bernardo, após análise de respostas encaminhadas pela Secretaria de Saúde do município sobre a questão na semana passada. O órgão informou que o promotor responsável pelo caso, Marcelo Sciorilli, aguarda retorno da Vigilância Sanitária do município aos questionamentos feitos para analisar o caso e dar andamento ao processo.




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