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Saída da Petrobras não afeta Braskem na região

Possibilidade de venda da participação da estatal é bem-vista por prefeitos de Sto.André e Mauá

Marina Teodoro
Especial para o Diário
19/02/2016 | 07:03
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Claudinei Plaza/DGABC



Após especulações sobre um possível interesse da Petrobras em vender suas participações no controle acionário da Braskem, o presidente da petroquímica, Carlos Fadigas, assegurou que, mesmo com a confirmação dessa notícia, as operações no Grande ABC não serão afetadas.

“Estamos trabalhando em busca do crescimento da companhia, para reforçar a competitividade da Braskem. Dessa maneira, a estratégia principal não muda, mesmo com a eventual saída da Petrobras”, declarou Fadigas. A estatal possui 36% das ações da Braskem.

Entretanto, o presidente ressaltou que não deve comentar sobre a decisão, que cabe à Petrobras. “Ficamos sabendo (da possibilidade de venda das ações) por meio da imprensa, e estamos acompanhando. De qualquer forma, desejo que a Petrobras se recupere para colaborar com os setores petroquímico e industrial do País”. Procurada, a Petrobras informou que não comenta o caso.

Fadigas informou ainda que o Polo Petroquímico de Capuava, localizado em Santo André e Mauá, apesar de conter uma das unidades mais antigas da companhia, passou por processo de atualização e expansão nos últimos anos, e a maior preocupação acerca do futuro das fábricas na região se dava a respeito das negociações nas vendas da nafta, principal matéria-prima utilizada pela petroquímica.

A fornecedora da nafta, a Petrobras, e a Braskem demoraram três anos para chegar a um acordo, o que colocou em risco o fechamento do polo da região, devido à possibilidade da falta de fornecimento, conforme foi publicado pelo Diário em novembro. O acordo entre as empresas foi finalmente selado em dezembro, com duração de cinco anos.

REPERCUSSÃO - O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC e prefeito de Mauá, Donisete Braga (PT), vê a eventual saída da Petrobras do grupo de acionistas da Braskem como positiva, pelo fato de poder atrair mais aportes para a petroquímica, principalmente pela desvinculação do nome Petrobras, o que pode, inclusive, gerar mais empregos. “Haverá uma segurança maior, com o controle de matéria-prima (já que o acordo da nafta foi firmado)”, constatou Donisete, que diz se sentir feliz caso a venda das ações se viabilize. Em Mauá, 60% da arrecadação da cidade provém do polo da Braskem – a estimativa é que seja recolhido, ao todo, R$ 1,18 bilhão pelo município neste ano.

Em Santo André, a arrecadação tributária vinda da petroquímica corresponde a 30% do total (R$ 3,18 bilhões) e, para o prefeito Carlos Grana (PT), a hipótese da saída da estatal é notícia neutra. “O que nos preocupava eram as negociações com a nafta. Mas, como já foi resolvido, acredito que esse seria um acontecimento sem grandes impactos para a economia local”, analisou. Grana ainda acrescentou que, em momento de retomada econômica e previsões desestimulantes, esse não é um anúncio negativo.

Por outro lado, o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Raimundo Suzart, acredita que, sem a Petrobras entre os acionistas, o resultado seria um monopólio de empresas privadas nas ações da Braskem, o que não seria bom para as negociações salariais. “Sem uma empresa pública o diálogo, principalmente sobre questões trabalhistas, acaba sendo dificultado, já que a maioria das empresas privadas geralmente só prioriza o lucro.”


Lucro de R$ 2,89 bi ajuda a reverter prejuízo de R$ 24 mi em 2015

A Braskem encerrou 2015 com lucro líquido de R$ 2,89 bilhões, crescimento de 299% ante o ano anterior, quando atingiu R$ 726 milhões. Na divulgação feita pela petroquímica, ontem, somente no quarto trimestre do ano passado os ganhos foram de R$ 158 milhões, devido à expansão das exportações e ao efeito positivo do câmbio, que reverteram o prejuízo de R$ 24 milhões nos últimos três meses de 2014. Nessa linha, o ebitda, que é o lucro sem descontos de juros, impostos e outras depreciações, atingiu R$ 9,37 bilhões em 2015, e apresentou alta de 67% em relação a 2014.

Quanto à utilização das unidades petroquímicas, o ano passado fechou com 89% do total, três pontos percentuais acima de 2014. No balanço trimestral a utilização fica em 83%, impactada pelo acidente no polo petroquímico em Mauá, em 14 de outubro. Questionado sobre a transparência do incidente na região, o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, afirmou que tudo o que cabia à imprensa já foi divulgado. Considerando o cenário econômico atual, ele avaliou que o resultado foi positivo.

“Para 2016, a Braskem continuará empenhada na busca de maior competitividade com programas internos de redução de gastos, no apoio à cadeia de transformados plásticos e no esforço de exportação”, analisou Fadigas. 




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