Cultura & Lazer Titulo Oscar
Só o amor salva

‘O Quarto de Jack’, que estreia hoje, mostra
que o apreço ajuda a superar qualquer intempérie

Miriam Gimenes
18/02/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


Existem, segundo a cultura grega, quatro tipos de amor: fileo, eros, storge e o ágape. O primeiro é fraterno, relacionado a família e amigos; o segundo é o erótico; o terceiro conjugal, familiar, doméstico e, o último, designado a Deus. Embora tenham suas diferenças, qualquer forma de amor vale a pena e todos têm – sem exceção – um ‘poder’ em comum: salvar. É essa a atmosfera do filme O Quarto de Jack, que estreia hoje nos cinemas. A história, que foi baseada no best-seller Room (este, por sua vez, inspirado em fatos reais), de Emma Donoghue, é indicada a quatro categorias no Oscar (melhor filme, direção, atriz e roteiro adaptado) e tem direção de Lenny Abrahamson.

Brie Larson – que concorre a melhor atriz e foi ganhadora desta categoria no Globo de Ouro – é Joy, uma jovem sequestrada por um psicopata aos 17 anos e jogada em um quarto de dez metros quadrados, sem janelas e o mínimo de conforto. Abusada sexualmente por este homem, ela engravida de Jack (Jacob Tremblay) e, durante cinco anos sofridos e arrastados, tenta esconder do menino que existe um mundo atrás da porta, com a intenção de protegê-lo ao máximo da situação aterrorizante em que vivem.

Ambos, mãe e filho, veem a luz do dia através de uma claraboia, conhecem ‘o mundo dos sonhos’ por meio da televisão e, todas as noites, com ‘as trevas’, são obrigados a conviver com o algoz que, embora seja pai do garoto, não se intimida em abusar da jovem, racionar comida e remédios e até agredi-la. Um só tem ao outro e esta é a força que os alimenta para sobreviverem. Mas, como todo menino quando cresce, Jack começa a enchê-la de perguntas – vale dizer aqui que a atuação do pequeno grande ator, por si só, já merecia uma estatueta dourada. E, aturdida pelo desespero causado entre quatro paredes e a vontade de mostrar o mundo ao garoto, ela toma uma decisão determinante e arriscada para o futuro dos dois. Movida pelo amor – fileo e storge – e pela fé, Ma, como é chamada pelo filho, traça seu plano.

O filme é dividido em duas partes e a beleza delas é ver a cumplicidade de mãe e filho – um dos alentos do pequeno é quando ela o amamenta, mesmo com 5 anos – foi determinante para que Ma aguentasse a crueldade de seu algoz e salvasse, literalmente, a vida de Jack. E vice-versa. É ótima oportunidade para refletir sobre os ‘problemas’ que temos na vida, o valor de cada minuto ao lado de quem amamos – principalmente para quem é mãe – e quanto um sentimento pode ser sublime. Arrebatador define.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;