A Secretaria de Habitação, com o apoio da GCM (Guarda Civil Municipal) de São Bernardo e Santo André, retomou ontem a remoção dos barracos restantes em terreno no Parque São Bernardo que foi palco de confronto entre guardas-civis, PM (Polícia Militar) e moradores no dia 2. No entanto, moradores informaram no fim da noite que o processo não foi concluído e tem previsão de ser retomado hoje, às 6h.

Segundo os ocupantes, a área amanheceu cercada por guardas-civis. “Ninguém nos avisou. Quando recusamos a proposta da Prefeitura, achamos que teríamos outra conversa, mas, em vez disso, chegaram chutando a porta. Não queriam deixar a gente tirar os móveis”, diz a auxiliar de limpeza Ivone da Silva, 36 anos.

No dia 5, comissão de moradores se reuniu com representantes da Secretaria de Habitação e aceitou o acordo que previa três meses de auxílio-aluguel, cadastro no Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, além de inclusões em programas assistenciais do município. Também ficou acertado que a remoção dos barracos começaria no dia 6. Porém, parte dos moradores seguiu na ocupação.

O sentimento geral das cerca de 80 famílias que perderam suas moradias ontem era de desolação. Muitos carregavam sofás e geladeiras pelas estreitas passagens da comunidade. As calçadas estavam tomadas por móveis.

Desempregada, Idaiana da Silva, 27, afirma que teme pelo seu futuro. “Quando perdi o emprego, tive que deixar a casa em que morava. Meu marido está sem trabalhar porque quebrou a pena e temos um filho de 5 anos para criar”. Emocionada, ela conta que teve que pedir auxílio para a mãe. “Vou deixar meus móveis na garagem dela.”

Segundo o tapeceiro Cauê Pereira, 23, houve falta de comunicação entre a comissão e os demais moradores. “Alguns deles se autoelegeram líderes e estavam falando por todos. Nem passaram o que foi dito na reunião. Trouxeram uma nota e disseram que era um contrato firmado. Ignoraram nossa opinião, agora estamos à mercê das autoridades.”

A equipe do Diário tentou conversar com representantes da Secretaria de Habitação, porém, foi barrada pela GCM. Em nota, a Prefeitura informou que a área integra projeto de urbanização do Parque São Bernardo, Alto da Bela Vista e Novo Parque e beneficiará com solução de moradia adequada 3.195 famílias cadastradas. Já foram entregues 584 unidades habitacionais.