O PT agora justifica a estratégia da equipe econômica de aumentar o superávit primário de 3,75% para 4,25% do Produto Interno Bruto – antes mesmo de nova exigência por parte do FMI (Fundo Monetário Internacional) –, com o argumento de que era necessário reduzir a relação dívida pública/PIB. Recentemente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o fato de o governo tomar a iniciativa de elevar o superávit antes da cobrança do FMI.
A resolução fala com todas as letras da necessidade de ter responsabilidade fiscal e estabilidade de preços. A inflação é tratada como “uma guerra” a ser combatida. Para enfrentá-la, o documento petista admite até mesmo a alta dos juros. “No governo de Fernando Henrique, o aumento dos juros altos servia para atrair capital externo, mas, no nosso, é uma inevitabilidade”, justificou o presidente do PT, José Genoíno. Sua alegação: Lula recebeu uma pesada herança e tem de administrá-la. “É desagradável, mas não podemos ignorar que há uma crise grave.”
De qualquer forma, a resolução a ser aprovada vai ressaltar que a atual política monetária é transitória, para impedir que a crise se acentue ainda mais. Não menciona, porém, quanto tempo durará. Além da estabilidade e do controle da inflação, o principal objetivo da política econômica, de acordo com o documento redigido pelos moderados, é a distribuição de renda.
“Acho que juros altos não resolvem o problema da inflação, mas é suportável admitir essa tática desde que se defina até quando”, observou o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), da facção trotskista Democracia Socialista.
Lula tentará contornar a resistência das alas radicais ao caminho traçado pelo Palácio do Planalto com uma exposição das dificuldades encontradas. “A situação é muito mais grave do que imaginávamos”, tem repetido o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Mas, mesmo que o governo não consiga convencer os rebeldes, a resolução com o rumo light do PT será aprovada. Motivo: as correntes moderadas detêm a maioria na correlação interna de forças, ocupando 67% das 81 cadeiras do diretório nacional.
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