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Debate: Lula e Alckmin partem para o ataque
Rafael Vergueiro
Do Diário OnLine
08/10/2006 | 22:30
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O primeiro debate do segundo turno das eleições presidenciais entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), realizado na noite deste domingo na TV Bandeirantes, surpreendeu os telespectadores que esperavam uma discussão sobre planos de governo, e foi marcado por acusações mútuas .

Lula simplesmente abandonou o estilo “Lulinha paz e amor”, e Alckmin, chamado jocosamente pelos seus opositores de  “picolé de chuchu” , partiu para o ataque, tal qual um Mike Tyson.

Logo na primeira pergunta do programa, Alckmin questionou sobre a origem do R$ 1,7 milhão que petistas utilizariam para comprar um dossiê que ligaria políticos do PSDB com a ‘máfia das ambulâncias’. Lula deu o troco à altura, e perguntou ao seu adversário porque sua administração sufocou 69 pedidos de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembléia Legislativa de São Paulo.

A temperatura subiu quando o petista questionou porque o ex-ministro da Saúde, Barjas Negri, que teve seu nome ligado aos Sanguessugas, tornou-se Secretário da Habitação do governo tucano em SP. Alckmin rebateu: “Se existe alguém que não tem moral para falar de ética é o Lula, no meu governo eu não tive nenhum ministro condenado”, assinalou.

Lula fez questão de assinalar que é o maior interessado em saber a origem do dinheiro para comprar o dossiê e, além disso, quer saber também quem arquitetou este esquema sujo. Quanto à demora alegada pelo tucano, cutucou:“A Polícia Federal não faz bravata, ela está investigando. O candidato Alckmin deve gostar da época da ditadura, quando tudo era resolvido na base da tortura para se descobrir os culpados”.

O presidente procurou deixar claro que o governo do PT, diferente dos anteriores, apura todos os casos de corrupção, “doa a quem doer”. O tucano mostrou não concordar com a afirmação do adversário. “É mentira, as CPIs só saíram porque o Roberto Jefferson (ex-deputado federal) denunciou. O governo foi derrotado, por isso saiu CPI”.

Insistência – Surpreendendo a todos que acompanhavam o confronto político, Alckmin mostrava uma nova postura e atacava seu adversário sem piedade. Ele questionou seu adversário até sobre o gasto do governo federal com cartão de crédito corporativo, o que fez o clima entre os candidatos esquentar mais uma vez.

”Não seja leviano, pergunte isso ao Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente da República que é do mesmo partido de Alckmin), ele que inventou este cartão”. O tucano se mostrou irritado com a afirmação. “Por favor, respeito”, assinalou. Em seguida, Lula ainda ironizou o adversário. “É melhor você ir com calma, porque a sua bravata aqui não irá funcionar”.

Quando o candidato do PSDB voltou a tocar no escândalo do dossiê, Lula, irritado, retrucou com energia. “O maior beneficiado com esta questão foi o Alckmin, porque isso prejudicou a minha campanha no primeiro turno”, disse.

Contra-ataque – Indignado com os ataques do adversário, Lula resolveu também criticar a gestão de Alckmin no Estado de São Paulo. Ele abordou a má gestão da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor), a crise da segurança pública e a qualidade ruim da educação no estado.

O tucano rebateu dizendo que o número de homicídios caiu durante sua gestão e criticou o  “pequeno” repasse da verbas do governo federal para o estadual. “Se eu for o presidente da República não vou me omitir e jogar todos os problemas nas costas dos governadores. A questão de segurança pública é nacional”, comentou.

Lula ainda falou do mau desempenho do Estado de São Paulo no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e disse que o PSDB trata a Febem como se fosse simplesmente um local para “delinqüentes” serem despejados.

Aerolula – Dando continuidade a sua nova postura, Alckmin disparou contra o avião “de luxo” comprado por Lula para fazer viagens de caráter governamental. “Se eu for eleito, irei vender este avião e construir cinco hospitais”. O petista classificou como insana esta declaração do seu adversário.

Geraldo Alckmin fez praticamente uma devassa em todos os escândalos dos quatro anos do governo Lula. Ele citou que jamais na história do Brasil cinco ministros renunciaram porque se envolveram em fraudes. O presidente respondeu: “O problema não são os ministros serem afastados e sim o fato de que, nos governos anteriores, esses escândalos eram jogados para baixo do tapete”.

Surpresa – O fato que mais surpreendeu a todos no debate da TV Bandeirantes foi a postura de Alckmin. Com a “metralhadora giratória” ligada desde o primeiro bloco, ele deixou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem reação em alguns momentos, pois  parecia não acreditar que seu adversário havia se tornado tão agressivo.

No entanto, após o susto inicial, Lula se recompôs e passou a jogar com a mesma moeda do adversário. O resultado foi um confronto igual, de tom agressivo, no mais puro estilo “toma-lá-dá-cá” .

Antes do segundo turno das eleições presidenciais, que acontecem no dia 29 de outubro, os dois candidatos devem voltar a se encontrar. No dia 27 já existe um debate marcado na TV Globo, em que ambos já confirmaram presença.




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