O juiz Jackson decidiu na última terça-feira adiar por uma semana a divulgaçao de seu veredicto, para dar uma oportunidade a um acordo amigável entre as autoridades antimonopólio e a Microsoft. Estas negociaçoes fracassaram no último sábado, o que abriu o caminho para a decisao judicial, que pode ser rigorosa.

O presidente de Microsoft, Bill Gates, atribuiu este fracasso à intransigência dos Estados norte-americanos envolvidos na causa e que reclamam duras sançoes contra o gigante da informática, chegando, inclusive, a propor o desmembramento do grupo.

A Microsoft já anunciou sua intençao de apelar contra um eventual veredicto negativo. E, em várias entrevistas publicadas nesta segunda-feira pela imprensa americana, Gates mostrou-se confiante quanto ao processo de apelaçao. ``Estamos absolutamente convencidos de que, no final, o sistema judicial decidirá a nosso favor', assinalou, em declaraçoes ao jornal The New York Times.

Em uma mensagem transmitida por correio eletrônico aos funcionários do grupo, Bill Gates indicou: ``Nao esperamos que o veredicto seja favorável à Microsoft', indica The New York Times. O juiz deverá proceder a várias audiências antes de fixar sançoes. Este processo deverá levar alguns meses, segundo William Kovacic, professor de Direito e especialista antimonopólio da Universidade George Washington.

Um recurso de apelaçao poderá, por sua parte, durar cerca de dois anos e o caso poderá chegar até a Suprema Corte de Justiça.

Jackson determinou em novembro de 1999 que a Microsoft, número um mundial em programas para computadores, tem uma posiçao de monopólio sobre o mercado dos sistemas operacionais com seu programa Windows.

Na manha desta segunda-feira em Wall Street, as açoes da Microsoft perdiam 11,5% de seu valor para cotar-se a US$ 94 cada uma.

Os advogados do governo americano rechaçaram a proposta de último minuto da Microsoft para chegar a um acordo judicial sobre sua açao antimonopólio. A empresa está preparada para receber uma sentença judicial, dizem fontes ligadas ao caso, cuja identidade foi mantida sob sigilo. Elas demonstraram ceticismo em relaçao às probabilidades de sucesso de um entendimento de última hora entre a Microsoft e a Justiça, apesar dos quatro meses de negociaçoes por parte do juiz que atua como mediador em Chicago.

O juiz federal do distrito, Thomas Penfield Jackson, já deu indícios que deporá contra a Microsoft

Os advogados do governo passaram grande parte do fim de semana estudando a última proposta feita pela Microsoft. Segundo os jornais, ela incluía a promessa de que o programa de acesso à Internet seria vendido separadamente do sistema de operaçao Windows. A proposta, enviada por fax sexta-feira, era tao complicada que o Departamento de Justiça teve que recorrer a seus melhores peritos para analisá-la.

Os advogados do Departamento de Justiça e dos 19 estados que processam a Microsoft concluíram que a proposta era tao inadequada que ninguém iria a Chicago para reiniciar as negociaçoes. A empresa, no entanto, já está considerando a utilizaçao de testemunhas para a próxima etapa do processo, logo após a divulgaçao da sentença, quando Jackson deve estabelecer a puniçao da empresa.

``Antes eu era um pessimista, agora sou apenas cético', disse Robert Litan, um ex-funcionário do Departamento de Justiça, que negociou um assunto relacionado à Microsoft em 1994. O departamento já estudo propostas anteriores de dividir a empresa afim de acabar com o que o juiz classificou como ``ambiçoes monopolizadoras sobre a indústria de tecnologia'.

Espera-se que sejam exigidos certos limites em relaçao à quantidade de programas que a Microsoft pode anexar a seu sistema Windows. De outra maneira, teme-se que a empresa iniba a açao de competidores. O governo também será restringido a procurar um acordo em razao das grandes expectativas geradas pelo divulgaçao da sentença de Jackson que, em novembro passado, deu uma sentença preliminar aceitando quase todas as acusaçoes contra a Microsoft.