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Ação quer liberar bronzeamento artificial
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
17/11/2009 | 07:50
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A ABB (Associação Brasileira dos Profissionais de Bronzeamento) vai entrar com pedido de liminar na Justiça para garantir o funcionamento das câmaras de bronzeamentos para fins estéticos e revogar decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de quarta-feira. A associação também orienta que os centros de bronzeamento que se sintam lesados com a proibição ingressem com ações individuais.

A Anvisa proibiu o uso das câmaras com base em um estudo da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer que indica que a prática do bronzeamento artificial aumenta em 75% o risco do desenvolvimento de melanoma em pessoas que se submetem ao procedimento até os 35 anos de idade. A utilização está liberada para pessoas, sob prescrição médica, em tratamento para combater doenças como artrite, osteoporose ou psoríase.

Para a ABB, os argumentos da Anvisa são insuficientes. "A Anvisa não apresentou nenhum caso de câncer de pele provocado pelas câmaras de bronzeamento. Foi uma atitude arbitrária", reclama o presidente da associação, Cleverson Riggo. Para ele, o estudo não leva em conta a realidade brasileira onde a população cresce exposta ao sol, e sim, de países onde os moradores têm pele muita clara como do norte da Europa e dos Estados Unidos.

PROIBIÇÃO - Ontem a reportagem do Diário visitou diversas clínicas e salões da região. Os únicos dois estabelecimentos encontrados que ofereciam o serviço confirmaram que as sessões de bronzeamento são autorizadas somente sob receita médica. "Os clientes estão revoltados, mas não vou permitir que nenhum procedimento seja feito fora da lei", conta a vendedora da clínica Liffe New Sun, de Santo André.

"Faz 20 anos que as máquinas funcionam e nunca tivemos problemas, mas vamos esperar a liminar", completa Marco Almeida, do Stilo D, de Santo André.

A Anvisa informou que aguarda as ações judiciais para tomar as providências cabíveis.

Empresária quebra rotina mantida há dez anos

A proibição do uso das câmaras de bronzeamento artificial surpreendeu quem costuma usufruir de seus efeitos periodicamente. É durante o verão que o número de clientes dos centros de bronzeamento costuma triplicar.

Há dez anos, a empresária de Santo André Claudia de Freitas, 34, faz sessões de bronzeamento a cada 15 ou 30 dias. Mantém a rotina principalmente no inverno, mas no verão também reforça a cor com a exposição ao sol. "Gosto muito porque fico bronzeada o ano inteiro, independente das férias", diz.

Anualmente, Claudia visita o dermatologista, e mesmo sob as críticas da especialista, não abandona a rotina.

"A médica não aconselha o bronzeamento artificial, mas faço as sessões com pouca frequência. Tem gente que peca pelo excesso: faz toda semana, não se cuida, e deixa de usar filtro solar", conta

A empresária acredita que a proibição da Anvisa será revogada em breve.

As empresas que não cumprirem a decisão estão sujeitas a penalidades que vão de advertência, interdição e multas que variam de R$ 2.000 a R$ 1,5 milhão.VF

 

Sociedade Brasileira de Dermatologia comemora decisão

O presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Omar Lupi, comemorou o fim do funcionamento das câmaras de bronzeamento. Segundo ele, esta é uma bandeira defendida pela associação há pelo menos cinco anos. "Apoiamos totalmente a medida, o procedimento faz mal à saúde, traz riscos de causar envelhecimento e câncer de pele. Existe ampla base científica para decisão."

Lupi entende que a resolução vem ao encontro da campanha nacional de prevenção ao câncer de pele que será realizada pela sociedade no dia 5 de dezembro.

Se, por um lado, os dermatologistas comemoraram a medida, a ABB estima que pelo menos 25 mil profissionais, de 5.000 estabelecimentos de todo o País, tenham sido prejudicados.

Na Liffe New Sun, de Santo André, o bronzeamento artificial era o carro-chefe da clínica, que possui cinco câmaras. Segundo a vendedora Elaine Gomes, cada uma tem custo médio de R$ 130 mil. "Agora, no alto verão, são pelo menos 70 clientes por dia que temos de dispensar", reclama.




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