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Exportações da região ultrapassam nível pré-crise
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/03/2011 | 07:30
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Com a recuperação de mercados consumidores no Exterior, sobretudo em países da América Latina, as exportações do Grande ABC no primeiro bimestre superaram o nível pré-crise global. Isso porque, em valores, as encomendas da região somaram US$ 1,02 bilhão, 2% acima das do mesmo período de 2008, ou seja, antes do estouro dos problemas no mercado financeiro internacional.

O faturamento obtido também foi 38% maior que o registrado no primeiro bimestre de 2010 e 87% superior ao resultado de janeiro e fevereiro de 2009, quando boa parte do mundo estava em recessão por causa das restrições do crédito. Segundo o economista Dalmir Souza, diretor do departamento de indicadores da Prefeitura de Santo André, os dados mostram a melhora do consumo no mundo.

Um exemplo é São Bernardo, principal polo exportador do Grande ABC. O município somou US$ 648 milhões de receita, obteve 42,8% desse total em negócios com a Argentina. E as vendas para esse país expandiram 40% no primeiro bimestre. Para os Estados Unidos, o valor das encomendas também cresceu, mas esse mercado representa apenas 6,8% do total comercializado pelas empresas da cidade.

Enquanto São Bernardo lidera em valor absoluto, São Caetano foi destaque em percentual de crescimento das exportações. Estas totalizaram US$ 65 milhões no primeiro bimestre, 104% mais que no mesmo período do ano passado. O principal destino dos produtos são-caetanenses também é a Argentina: do valor obtido, 82% vêm desse país. E os pedidos de lá cresceram 92%. Em segundo aparece o México, para onde o município da região não exportou nada no início de 2010. Nos dois primeiros meses de 2011, a cidade conseguiu receita de US$ 15 milhões com vendas para esse mercado.

O diretor titular da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato, confirma a retomada da demanda. "As exportações tanto de veículos quanto de peças se recuperaram ", afirma.

Câmbio e valor do petróleo preocupam

Apesar dos números favoráveis das exportações na região, ainda há fatores de preocupação, segundo os analistas. Na avaliação do coordenador do curso de Ciências Econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Francisco Funcia, o efeito cambial (o real sobrevalorizado) traz dificuldades para o setor empresarial. "As transações (no comércio internacional) não são tão vantajosas, mas para as empresas é importante manter o mercado", afirma.

Para ele, a questão do câmbio não é de fácil solução, mas ele considera que o governo de Dilma Rousseff age bem em não se concentrar só na elevação da Selic (a taxa básica de juros), para conter a pressão inflacionária. Isso porque, com a alta da Selic, sobem os juros dos títulos públicos, o que atrai capital externo. E a entrada de dólares valoriza ainda mais a moeda brasileira.

Funcia cita que o governo também tem recorrido a outras medidas contra a inflação, como o aumento do depósito compulsório para os financiamentos de longo prazo.

Para Dalmir Ribeiro, outro ponto de preocupação é o preço do petróleo. Ele avalia que se a cotação ultrapassar os US$ 100 o barril e se mantiver em tendência ascendente, poderá causar alta da inflação mundial, reajuste dos juros e queda do crescimento do comércio e do PIB mundial.




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