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Outro lado da moeda

Histórias Cruzadas chama a atenção por misturar enredo
social com momentos cômicos que trabalham pelo drama

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
03/02/2012 | 07:03
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Um dos filmes mais sentimentais da temporada passada chega somente agora ao Brasil. Adaptação homônima de romance da escritora norte-americana Kathryn Stockett, 'Histórias Cruzadas' chega credenciado por ótimas atuações e chama a atenção por misturar em boas doses um enredo social com momentos cômicos que trabalham a favor do drama.

A questão racial, ponto central do título, é discutida na tela de maneira pouco abordada nos livros didáticos. O roteiro se passa na década de 1960 e traz a jovem Skeeter Phelan (Emma Stone), que retorna para a pequena cidade de Jackson, no interior dos Estados Unidos, após se formar na faculdade. Diferentemente das amigas que deixou, ela começa a observar de maneira curiosa o que ocorre ao seu redor. Intrigada pela forma como as mulheres brancas (como ela) tratam suas empregadas negras, a jornalista decide fazer reportagem sobre como essas trabalhadoras passam sua vida cuidando de outras famílias.

A inquietação da garota serve como porta de entrada para o universo duro onde vivem Aibileen (Viola Davis) e Minny (Octavia Spencer, favorita ao Oscar de melhor atriz coadjuvante). A batalha do cotidiano faz com que tenham de enfrentar preconceitos em meio a uma época em que os movimentos civis faziam cada vez mais barulho.

Apesar do medo, o desespero das empregadas em contar ao mundo o que vivem faz com que dramas e situações bizarras andem lado a lado. Um dos pontos altos do filme traz a engraçada Minny e sua doce - e nojenta - vingança contra a irritante Hilly (Bryce Dallas Howard), grande símbolo do filme quanto à segregação racial norte-americana.

Se Skeeter desponta como protagonista da obra, é nas costas de Aibileen que está o piano. Ela é responsável por dar o pontapé inicial nos relatos para a jornalista e, aos poucos, suas angústias vão cada vez mais sendo exploradas. É no duro papel de empregada que não tem mais esperanças que Viola Davis pode surpreender na briga pelo Oscar de melhor atriz deste ano.

Com predominância de mulheres em cena, o longa pode parecer feminino demais. Talvez seja justamente essa realidade apresentada pelo diretor Tate Taylor (mais conhecido pelo trabalho pouco expressivo como ator do que pelo curto período de atividades na direção) que o torne tão singular e sensível o bastante para conquistar todo o público.




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