A fila de espera demora de dois a cinco anos. O mais impressionante é que o índice de mortalidade em função da doença é maior entre os que estão na fila do que entre os que fizeram a cirurgia. A equipe do médico cirurgião encarregado da Clínica Cirúrgica do Centro Hospitalar de Santo André, Ricardo Ribeiro Magalhães Cruz, já operou 300 pessoas em três anos. Entre esses, nenhum óbito. O mesmo não aconteceu com quem esperava na fila. “Três morreram: dois de infarto e um de derrame”, disse.
Os médicos trabalham com probabilidade de morte no procedimento cirúrgico de 0,5% a 1% entre os que têm índice de massa corpórea (peso dividido pela altura ao quadrado) inferior a 50, somado a problemas de saúde.
Em índices superiores a 50, a probabilidade aumenta para 2%. Os dados, porém, são insignificantes se comparados aos que não passam pela cirurgia. Os que mantém a obesidade mórbida têm 18% de chances de perder a vida.
A cirurgia pode custar de R$ 10 mil a R$ 15 mil em hospitais particulares, mas pelo SUS é gratuita. Em três horas, o paciente é operado. Depois de 18 meses passa por mais um procedimento cirúrgico, de cirurgia plástica. Há casos de pacientes que já perderam mais de 100 kg e que continuam a emagrecer.
Quem consegue a vaga no SUS passa antes por um processo de triagem que inclui a medição de índice de massa corpórea e exames médicos. A inscrição deve ser feita no Centro de Especialidade da Secretaria de Saúde ou também na Fundação ABC, em Santo André. A cada semana, cinco pessoas são chamadas no Centro Hospitalar e outras quatro na Fundação ABC.
Quem tem índice menor que 35 é orientado a voltar para casa. “O emagrecimento é surpreendente. Dependendo do índice, a perda em relação ao peso inicial é de 40%”, disse.
Antes da operação, os selecionados passam três meses por exames genéricos. Também são convidados a participar de palestras mensais sobre o tema. “No primeiro mês, é apenas permitido a ingestão de líquidos. Ainda nesse período, 70% deixam de tomar medicamentos para diabetes”, afirmou Cruz.
Fundação – “As cirurgias foram suspensas no final do ano, mas voltam em janeiro. Além disso, pretendemos fazer duas intervenções por semana no hospital Anchieta, em São Bernardo”, disse o coordenador do serviço na faculdade e médico do ambulatório de obesidade da Fundação ABC, Luiz Gonzaga Cavalcanti de Araújo. Dos três mil que estão na fila, cerca de 98% receberam indicações médicas para fazer a cirurgia. Na Fundação Santo André, a intervenção também é gratuita.
Pelas mãos da equipe já passaram cerca de 120 pessoas, em pouco mais de um ano. “Também fazemos a cirurgia plástica reparadora nos que foram operados”, disse. Segundo o médico, o emagrecimento recupera 70% das doenças conseqüentes da obesidade.
Colaborou Carolina Velloso
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