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É preciso amar as pessoas
Rodolfo de Souza
11/02/2016 | 07:00
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Há muito tempo, perambulou por este mundo um sujeito que ganhou notoriedade pelas belas canções que compunha e cantava. Uma delas, eu bem me lembro, sugeria que se imaginasse uma vida muito diferente desta que aí está, sem fronteiras, sem posses e, até mesmo sem religiões. Propunha mesmo, a letra, uma existência só de paz.

A religião que, desde tempos imemoriais, não tem poupado esforços para criar conflitos por esta terra, talvez tenha contribuído para encher de inspiração o compositor. Diga-se de passagem, se fizermos um apanhado geral, chegaremos à conclusão de que é muito difícil contabilizar o número de religiões e seitas espalhadas por este planeta, vivendo lado a lado com a injustiça, com a desigualdade social e com todo o tipo de tirania de que se tem ideia, além de outras que ninguém é capaz de imaginar. Graças a Deus!

O que se sabe, contudo, é que são oriundas de crendices calcadas na ignorância dessa gente toda. É, afinal, a magnífica mente humana que está verde ainda e que, tal qual o fruto que não está maduro, é ruim e amarrenta, mesmo que seu perfil externo denote beleza. E é justamente esta mentalidade, destituída de sabedoria, a responsável por toda a violência que permeia este universo de pessoas religiosas. Um tanto óbvia a minha constatação, dirá o leitor atento. O mesmo que há de abaixar afirmativamente a cabeça, algumas vezes, quando ouvir que muito se tem judiado e matado em nome do Deus que pediu que se amassem uns aos outros.

Ainda no campo da controvertida matéria que discute o amor, outro artista, de igual sensibilidade, disse, em época mais recente, que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Refrão da música que esteve na boca de um povo que a cantava porque, de alguma forma, lhe soava bem nos ouvidos a melodia associada às palavras, cujo significado, apesar de tudo, não lhe caíra bem no entendimento. Mesmo assim, cantou e cantou, e isso encheu os ares com a ideia que o autor teve a ousadia de propagar.

É... Pelo que se vê, ficou a cargo dos poetas cantar o amor entre os seres. Atividade que exercem, aliás, há um bocado de tempo. Talvez a sua sensibilidade, sempre sujeita à poesia, os façam enxergar esta vida sob uma ótica diferente, um tanto poética, dotada do tempero necessário para conduzi-la com equilíbrio e bom senso. Voltemos, pois, nossos olhos para eles que tudo entendem de poesia! A poesia que nos falta e da qual também são carentes os líderes religiosos de qualquer tipo.

Por isso, tenho em mente que talvez fosse melhor entregar nas mãos dos artistas a missão ímpar de levar sabedoria a essa gente que, então, passaria a valorizar a luz do sol que produz todas as cores que nos enchem de paz a alma.

Imagine, amigo leitor: músicos, pintores, escritores, escultores, atores... Pessoas de alma poética interpretando as escrituras! É possível até que isso contentasse ao Senhor que veria seu povo finalmente caminhar por esta terra, cheio do espírito poético que habita o âmago dos artistas e dos santos.

Amém.

Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: souza.rodolfo@hotmail.com. 




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