Uma onda de envenenamento de cães e gatos tem preocupado os moradores da rua Nilo Peçanha, na Vila América, em Santo André: foram mais de 15 casos só nos últimos seis meses. A vítima mais recente foi o gato da universitária Cecília Ferreira Cardoso, na noite da última sexta-feira, quando passou mal depois de ingerir carne moída misturada com chumbinho, substância química usada para matar ratos. O animal sobreviveu após ter sido levado a um hospital veterinário, onde passou por lavagem estomacal. “Assim que cheguei da faculdade vi que o gato estava estranho, agitado, com as pupilas dilatadas e vomitando uma substância estranha, com vários pontinhos pretos.”

Cecília disse que cada um dos moradores tem uma versão diferente, mas que ainda ninguém identificou o autor dos envenenamentos. “São muitos os que reclamam do barulho dos gatos que saem para namorar durante a noite, mas não entra na minha cabeça que isso leve alguém a cometer esses crimes. Então pensamos em tudo, até na hipótese de que estejam espalhando veneno por aí em função das últimas enchentes, que trouxeram muitos ratos.”

A enfermeira Maria Aparecida Perli, dona de dois cachorros que também foram salvos, discorda de Cecília. Ela acredita que ninguém misturaria carne com veneno só para matar ratos. “Para mim, está claro que se trata de uma atitude cruel e proposital de pessoas que não gostam de animais”, afirmou a enfermeira, que disse ter socorrido alguns cães e gatos vítimas de envenenamento.

O aposentado Manoel Muroyama viu o gato e o cachorro agonizarem até a morte, após ingerirem a mesma substância, há cinco meses. “Não deu tempo de salvá-los. Apesar de ambos terem o hábito de sair para dar umas voltas, creio que a mistura tenha sido jogada na garagem de minha casa, pois foi assim com todos os casos que aconteceram depois.”

A sorte foi maior para a cadela e o gato da dona de casa Irene Rossi Sutto, que não tocaram na mistura de carne com veneno que havia sido jogado em sua garagem, na mesma época em que os animais do aposentado Manoel morreram. “Eles só não comeram porque estão acostumados com ração. Mas como sei que isso não é uma regra, nunca mais os deixei na frente de casa.”

Segundo a Lei de Crime Ambiental 9605/98, o envenenamento está entre os crimes contra os animais, e o autor pode cumprir pena de três meses a um ano e ainda deve pagar multa. Pensando nisso, Marcia Cardoso, irmã de Cecília, distribuiu panfletos pela rua, a fim de que essa informação intimide o responsável. “É a única coisa que podemos fazer enquanto não se descobre o autor dos crimes.”