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Malhação do Judas resiste na região
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
24/04/2011 | 07:37
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O comerciante de Santo André Wanderlei Vicente Ferreira, 56 anos, tenta manter viva uma tradição da Igreja Católica que vem se perdendo ao longo do tempo. Há 11 anos, ele e amigos começaram a fazer o boneco representando Judas Iscariotes, apóstolo que traiu Jesus Cristo por 30 moedas de ouro, para malhar no Sábado de Aleluia, na Rua Fernando Prestes, no Centro.

A brincadeira reunia crianças e jovens do entorno, mas hoje é acompanhada por poucos. Mesmo assim, Ferreira não desiste de confeccionar o boneco. "Faço quando começa a Quaresma e a cada dia coloco uma mensagem diferente para conscientizar os motoristas e pedestres que passam por aqui", explicou.

Ontem, antes de ser malhado, Judas passava o seu recado sobre violência no trânsito e contra o extremismo religioso.

Também trazia no peito o recado: "Eu voltei". Mas voltou de onde? "Neste ano o pessoal daqui brincou comigo e escondeu o Judas. Mas depois eles me devolveram o boneco, por isso fiz a brincadeira", disse Ferreira.

Quem passava no local estranhava a ação. "Eles pensam que é propaganda", lamentou o comerciante.

A auxiliar administrativa Ana Maria Prentes Pereira, 45, sabia que o boneco se tratava do Judas. "Deveriam fazer mais, e sempre com cara de político, pois assim podemos protestar contra os corruptos", garantiu.

No ano passado, o Judas de Ferreira tinha o rosto do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste ano, porém, o boneco não representou nenhum político. "Não dava porque a presidente agora é mulher", brincou, referindo-se a Dilma Rousseff.

Na hora de malhar o Judas, por volta do meio-dia, poucos apareceram para a brincadeira. O jeito foi atear fogo no boneco, que ardeu diante dos olhos atentos de um único menino. "Enquanto estiver vivo, vou continuar fazendo o Judas", prometeu Ferreira. A tradição estará mantida.




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