Setecidades Titulo
Avanço do crack atinge
todo o Estado, aponta
estudo da Assembleia
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
21/09/2011 | 07:30
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As cidades paulistas estão em alerta contra o crack. A droga é a mais citada entre os administradores dos 325 municípios que responderam a enquete enviada pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa.

O resultado da pesquisa foi anunciado ontem, mas o Diário teve acesso e divulgou os dados do Grande ABC na edição de ontem. O álcool é disparado a droga mais lembrada por 49% das administrações municipais. Entre as ilícitas, o crack aparece em primeiro em 31% das cidades, seguido pela cocaína, com 10%, enquanto a maconha surge com 9% e as drogas sintéticas, como a anfetamina e o ecstasy, com 0,59% do total.

Para o coordenador da Frente Parlamentar, o deputado estadual Donisete Braga (PT-Mauá), esse é o primeiro passo para integrar todos os poderes para criar uma política de atendimento a dependentes.

"O mais importante é que agora temos dados para indicar que o problema está presente em todas as regiões do Estado e não apenas nos grandes centros urbanos", comenta Donisete Braga.

O ponto positivo do trabalho dos parlamentares paulistas poderá ocorrer caso o governo aprove a emenda de incluir mais R$ 200 milhões no orçamento para os próximos quatro anos.

Um dado preocupante foi a distribuição dos usuários por faixa etária. Entre os mais novos, de 9 a 15 anos, ficou em 3%, mas na região de Campinas esse número chegou a 7%. Para os jovens de 16 a 20 anos foi de 25%, entre 21 a 25 anos de 27%. Entre 26 e 30 anos chegou a 17%, enquanto para os adultos de 31 a 35 anos alcançou 12% e, para os que têm acima de 35 anos, o resultado foi de 16%.

A reincidência é um dos grandes problemas no combate ao crack, devido ao seu poder de vício. Tanto, que 54% das cidades informaram que a volta ao uso é maior que 50%.

Para o coordenador do Grupo Criança Prioridade 1 do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Ariel de Castro Alves, essa medida é essencial para diagnosticar a situação dos municípios. "Esse é um retrato da falta de políticas do governo estadual. Esse é o primeiro levantamento em 20 anos", comenta Castro.

O número de leitos para atendimento aos viciados que necessitam de tratamento é de 400 no Estado, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. No levantamento da Frente Parlamentar, 79% das cidades informaram que não contam com vagas.

O Grande ABC é uma das regiões do Estado que mais oferecem locais para internação, seja nos hospitais Serraria, em Diadema, Mário Covas, em Santo André, e no Lacan, em São Bernardo.

 

É preciso combater pequenos traficantes 

O Grande ABC está entre as regiões que sofrem com a proliferação de pontos de consumo de crack e mantêm as suas cracolândias a céu aberto. Em março, o Diário publicou os principais pontos.

Para o deputado estadual Olímpio Gomes (PDT), a falta de combate aos pequenos traficantes é o que leva ao aumento de locais frequentados por usuários."As polícias não podem fingir que não está acontecendo nada", disse.

Para a coordenadora de Saúde Mental de Diadema, Cibele Neder, o omissão do governo estadual na ajuda aos municípios é uma das dificuldades para criar políticas públicas efetivas no enfrentamento ao crack e outras drogas.

O Secretaria de Estado da Saúde informou que colabora com os municípios com a capacitação dos profissionais dos Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial-Álcool e Drogas). Além de contestar o resultado do levantamento feito pelos parlamentares estaduais - o investimento do governo do Estado no enfrentamento ao crack e outras drogas é de 5%. E apontou obras que estão sendo realizadas na Capital e em Botucatu, no interior do Estado, para atender aos usuários.

As administrações de Diadema, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo e São Caetano têm centros de atendimento aos usuários de drogas disponíveis para a população.




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