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Mania de limpeza e tique nervoso podem ser doença
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
27/01/2001 | 18:08
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As manias excessivas de limpeza, organização, repetição de gestos e tiques nervosos representam fielmente os sintomas do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), doença que atinge 2,5% da população mundial. De acordo com dados divulgados pela Astoc (Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo-Compulsivo), dos mil casos da doença identificados no país, 250 estão centralizados no Grande ABC.

Segundo a vice-presidente da associação, Maura Carvalho, o índice deve servir como alerta à população. “Apesar de ainda não ter cura, o acompanhamento ajuda o doente a não se sentir tão isolado da sociedade. É também eficiente para a família, pois, depois de algum tempo, todos começam a apresentar os sintomas”, explicou.

Segundo ela, na maioria das vezes, as obsessões e compulsões involuntárias reconhecidas nos pacientes são tratadas erroneamente por médicos que diagnosticam a doença como depressão ou esquizofrenia. Por isso, é comum que portadores continuem defrontando seus transtornos mentais, atolados a um pensamento constante que pode durar horas. O resultado desse soluço mental é mal-estar, sofrimento, angústia e ansiedade.

A psiquiatra da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Ana Hounir, afirma que essas obsessões involuntárias podem ser traduzidas de diferentes formas. “Existem casos de pessoas que lavam as mãos 100 vezes por dia, temendo ser contaminadas. Algumas vezes, o detergente chega a fazer a mão sangrar”, contou.

Na ficção, o personagem Melvin Udall, interpretado por Jack Nicholson no filme Melhor É Impossível, apresenta atitudes parecidas a essa, já que, depois de usar um sabonete, normalmente joga-o fora. “Muitas vezes, essas manias passam despercebidas. Mas, geralmente, chegam a um ponto tão crítico que os doentes deixam de viver socialmente”, informou Ana.

Tique nervoso – Assim como o TOC, a Síndrome de Tourette, um distúrbio neurológico que desencadeia tiques e vocalizações constantes no indivíduo, também pode ser tratada. Piscar os olhos bruscamente, repuxar ombros, soltar ruídos e fazer caretas involuntariamente são os casos mais simples da doença.

“A Astoc também encaminha para tratamento médico adequado e grupos de apoio os portadores dessa doença. Apesar de termos uma longa fila de espera, aconselhamos às pessoas que reconhecerem os sintomas a nos procurar pelo telefone (011) 3085-2978”, disse.

Para ela, os resultados podem ser surpreendentes. “Quando o doente se identifica com outros pacientes que têm o problema, se recupera com mais facilidade. Por meio das pesquisas desenvolvidas, constatou-se que o melhor remédio ainda é a ajuda mútua”, finalizou Maura.




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