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Favela Naval: PM condenado deixa Diadema
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
30/01/1999 | 19:09
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O soldado Adriano Lima de Oliveira, 23 anos, um dos acusados pelos crimes da favela Naval, pediu transferência sexta e já nao deve mais voltar ao 24º Batalhao da Polícia Militar, sediado em Diadema, onde servia até ser preso em março de 1997.   De acordo com seus familiares, Adriano deve se apresentar amanha ao CPA/M-6 (Comando de Policiamento de Area/Metropolitano 6), em Santo André, onde deve ficar uma semana até receber uma nova designaçao. Ele foi o único dos dez policiais acusados que nao foi expulso da corporaçao.  A torcida do caçula da família, Leandro Lima de Oliveira, 21, é de que o irmao passe a servir no 10º Batalhao de Polícia Militar, que abrange a área de Ribeirao Pires, onde vive a família de Adriano.  Segundo Leandro, o irmao pediu sua transferência sábado ao se apresentar ao comandante do 24º BPM, tenente-coronel Rubens Casado. Na oportunidade, Adriano foi aconselhado a nao dar entrevistas "para preservar seu nome". Militar, Adriano obedeceu.  O primeiro dia de liberdade do recruta, condenado por três abusos de autoridade (por omissao) e libertado pelo Tribunal do Júri de Diadema na quinta-feira passada, acabou sendo atribulado. Antes de se apresentar a Casado, ele teve de buscar pela manha um ofício no Presídio Militar Romao Gomes, onde ficou um ano e dez meses preso.  Adriano é o nono filho de uma família de dez irmaos, em sua maioria trabalhando em açougue. Desde pequeno, segundo entrevista dada ao Diário na quinta-feira, ele queria ser policial. "Nao dava certo como açougueiro", disse.  O recruta completou o 2º Grau e depois ingressou na Escola de Soldados da Polícia Militar, em 1996. Formado, começou o serviço de rua em Praia Grande, onde ficou dois meses. Em fevereiro, 20 dias antes dos episódios que acabaram na morte do conferente Mário José Josino em 7 de março, Adriano foi designado para Diadema.  Tudo ia bem até que em sua terceira ronda de rua, a primeira noturna, ele foi escalado para fazer policiamento junto com Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, soldado veterano condenado pelos principais crimes cometidos pelos PMs na favela Naval. Durante o interrogatório perante os jurados, Adriano justificou o fato de nao ter protestado contra os crimes cometidos pelos colegas pelo medo que sentiu de que a violência sobrasse para ele. Acabou condenado porque aceitou o pacto de silêncio para encobrir os crimes. O próprio advogado de defesa, Celso Vendramini, concordou com sua condenaçao por três abusos. "Ele poderia ter denunciado os crimes para a juíza, para o promotor ou para a Corregedoria, mas nao o fez."



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