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Pênis curvo atinge 10% dos homens
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
07/04/2008 | 07:13
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“Sempre tive uma vida sexual ativa. Foi de dois anos para cá que passei a evitar as mulheres. Sinto vergonha do meu pênis e acho que o medo de eu decepcionar a outra pessoa na cama faz com que eu acabe perdendo a ereção”, revela o gerente de vendas M.T.S., de São Bernardo, que sofre de um problema que afeta aproximadamente 10% dos homens em todo o mundo, embora poucos reconheçam: o pênis curvo.

 De acordo com dados da revista britânica de urologia British Journal of Urology, a curvatura peniana atinge os homens mais do que doenças como diabetes e cálculo renal.

 O problema ocorre porque a membrana que envolve o corpo cavernoso, conhecida como túnica, apresenta elasticidade menor do que deveria em algum ponto, causando repuxamento.

 A causa pode ser congênita ou decorrente de alguma cicatriz adquirida ao longo da vida, o que caracteriza a doença de Peyronie. Neste caso, a curvatura é originada por alguma lesão provocada pelo dobramento do órgão no momento em que ele estava ereto ou semi-ereto.

 O resultado é a curvatura do pênis durante a ereção, que pode chegar a 90 graus tanto para cima como para baixo ou para o lado.

 Excitar-se em calças apertadas, masturbar-se freneticamente, forçar o pênis ereto para baixo a fim de urinar e dormir de bruços, por exemplo, são hábitos que devem ser evitados (veja quadro ao lado).

GEOMETRIA

Anteriormente, a cirurgia de correção da curvatura peniana era feita de forma a encurtar o lado mais longo, o que resultava na redução do comprimento e até da grossura do pênis.

 Foi de conversas com engenheiros e arquitetos que o médico urologista e andrologista Paulo Egydio, de São Paulo, desenvolveu uma técnica de corte cirúrgico capaz de corrigir o pênis sem interferir no seu tamanho.

        “Usei o mesmo cálculo de geometria que se usa para tirar a curva de uma estrada. Conversei com arquitetos e engenheiros que me ajudaram muito a aplicar esses conceitos no pênis”, explica o especialista, premiado internacionalmente pela descoberta.

 Desde 1998, quando desenvolveu a técnica, Egydio realizou mais de 1.000 intervenções do gênero. “Normalmente, o paciente toma anestesia local e recebe alta no mesmo dia”.

        O maior problema ainda é o preconceito. “Cerca de 80 a 90% dos pacientes apresentam um grande trauma psicológico por causa da deformidade; sentem-se anulados como homens e se afastam da família. Alguns chegam a ter idéias suicidas. E a esposa, às vezes, pensa que ele tem outra. Por isso, é fundamental que se tenha um aporte psicológico”, completa Egydio.

 O estudante S.R., 24 anos, de Santo André, só perdeu a virgindade depois que operou a curvatura congênita, aos 21. “Eu evitava que a relação chegasse a determinado ponto. As pessoas têm medo de se abrir, mesmo que seja com alguém de confiança.”

HISTÓRICO

 A doença de Peyronie foi descrita em 1743 por François Gigot de La Peyronie (1678-1747), médico do rei Luiz 15, da França, que morou no palácio de Versailles.



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