Carlos Boschetti Titulo Análise
Crise da família brasileira
Carlos Boschetti
04/02/2016 | 07:28
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Estamos mais uma vez começando o ano no cheque especial. Nossas famílias trabalharam 2015 inteirinho de forma despretensiosa, acreditando nos marqueteiros que estão conduzindo nossa economia associada ao modelo de “contabilidade criativa”, que poderia contar com as tradicionais pedaladas fiscais para contornar as instituições. Poderíamos talvez mais uma vez esconder o deficit fiscal e incorporar o prejuízo no principal da dívida da União. Nenhuma família no Brasil com o mínimo de consciência adotaria uma atitude inconsequente e terminaria um ano com rombo de R$ 111,2 bilhões no cheque especial, num ano com o PIB (Produto Interno Bruto) negativo acima de 3%.

Temos as mesmas promessas feitas no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que, mesmo antes de ser empossado, anunciava plano de austeridade nas contas do governo, e pacote de ajuste fiscal de aumento de receita com eliminação de renúncia fiscal e aumento de impostos para gerar superavit de 0,7%, o que geraria recurso para pagamento da dívida publica no “cheque especial” ou no “cartão de crédito”.

Após um ano, estamos no mesmo buraco, mas ele está ainda mais profundo. A busca leonina por aumentar a receita do governo atinge diretamente a vida diária das famílias. A última mediada anunciada aumenta a carga tributária, a partir de maio, sobre o chocolate, o sorvete e o tabaco. Isso renderá aos cofres públicos mais de R$ 650 milhões em arrecadação de impostos. Os empresários já pressionados pela queda do consumo não terão outra alternativa a não ser repassar o incremento dos tributos para o preço dos produtos, alimentando o processo inflacionário já com viés de alta nesta época do ano, devido às condições climáticas. A renda familiar já está comprometida, e não temos mais onde reduzir para cumprir com as obrigações de sobrevivência. Temos ainda de arcar com o preço do custo da família chamada Brasil que está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e o único remédio para todos os malefícios do Estado brasileiro é o aumento de impostos. É bom lembrar que recentemente o governo do Estado de São Paulo também aumentou a carga tributária sobre a cerveja e outros produtos de grande consumo popular. O Estado do Rio de Janeiro, que está vivendo sua maior crise devido à queda nos investimentos e ao pagamento de royalties pela Petrobras na produção de petróleo, aprovou aumento de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o mesmo segmento para compensar a perda de arrecadação estadual.

E crise da família brasileira não para por aí. Agora temos de arcar com mais um vírus além da pandemia da corrupção. O zika vírus está adiando os planejamentos das famílias, colocando em risco de microcefalia os fetos. Mas a grande preocupação continua sendo a busca incansável pela aprovação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).

Infelizmente nossa crise é epidêmica. De um lado, temos um leão faminto mostrando as presas através da Receita Federal, a corrupção livre e solta e. agora o tal de zika – e vamos ter de esperar pelo menos dez anos para desenvolver e produzir vacina para proteger a população de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Bem, ainda não inventaram vacina contra os corruptos, corruptores e os facilitadores, ou para proteger a população contra o vírus da tributação. Também sugeriria aplicativo para smartphones que tivesse scanner para detectar e denunciar atos de corrupção e colocar todos numa prisão “na nuvem”. Fica a sugestão. 




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