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Convênio não pode barrar tratamento
Paula Cabrera
Do Diário do Grande ABC
27/11/2010 | 07:30
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Para diminuir reclamações e minimizar problemas, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) alterou em junho deste ano o número de procedimentos que devem ser atendidos pelas operadoras de Saúde. Foram incluídos mais consultas, com novas especialidades e exames e cirurgias que antes não eram contemplados pelos contratos. No entanto, a medida não tem se mostrado tão efetiva no dia a dia dos consumidores.

Apesar de oferecer profissionais e procedimentos, as empresas ainda contam com poucos colaboradores para atender à demanda, o que faz com que o tempo de espera seja longo. Além disso, procedimentos mais específicos e com alto custo seguem sendo ignorados pelas operadoras.

Foi o que aconteceu com Marco Antonio Carneiro, 62 anos. O administrador de empresas precisou, em outubro, fazer um implante de prótese em uma neurocirurgia para combater o mal de Parkinson. A liberação teve de chegar pela Justiça. "Dez dias antes do procedimento disseram que não podiam fazê-lo e não liberaram. Procurei a Justiça e consegui a liminar em três dias e fiz a cirurgia", conta ele, que paga R$ 1.915 pelo convênio médico mensalmente.

A diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, diz que a negativa de realização de procedimentos pode e deve ser contestada pelos clientes.

"O atendente do plano de saúde não tem competência para negar o procedimento. Se eu tenho laudo médico que diz que é preciso fazer o procedimento, se o médico entende que aquele é o melhor método, não é o telefonista, o atendente que pode barrar. As empresas agem à margem da lei porque de dez negativas, apenas dois clientes procuram o Judiciário", explica.

O descredenciamento de profissionais e a demora na marcação de consultas também devem ser observadas pelos usuários, segundo a diretora. "A saúde privada está virando um SUS (Sistema Único de Saúde). Hoje, Pela ausência do Estado, as empresas estão com a demanda muito grande e não estão dando conta. Tanto é que para marcar uma consulta você demora meses e ANS teve de intervir para colocar prazo nisso também."

A diretora completa que a reclamação dos consumidores é fundamental para diminuir os problemas nos atendimentos. "É preciso solicitar fiscalização da ANS, é preciso questionar. Enquanto não houver ação constante e não for preservado o interesse do usuário e não só dos empresários, a situação vai se agravar cada vez mais."

 

PROBLEMAS - O aposentado Alexandre Tadeu Beltran, 61 anos, pagou o plano de saúde por seis longos anos, sem utilizá-lo sequer uma vez. No entanto, quando precisou ser internado em julho deste ano, teve de contar com a saúde pública. Para obter o tratamento, o aposentado foi obrigado a procurar médicos em São Paulo, pois a especialidade necessária não atende no Grande ABC. "O pior é que um dia o médico atende, no outro não atende mais. Estou há dois meses tentando liberar um exame de sangue, porque os outros, que eram mais baratos, tive de pagar", diz.

A diretora do Procon de Santo André, Ana Paula Satcheki, explica que a morosidade da ANS na resolução dos problemas é o que atrapalha nestes casos. "É preciso formalizar a denúncia na ANS para que lá conste a insatisfação do usuário e a lesão ao que a lei determina. A falta de fiscalização sobre esses problemas é o que que provoca isso. Virou praticamente regra ter de recorrer ao Judiciário para conseguir resolver a situação."




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