Economia Titulo No Grande ABC
Preço do aluguel residencial tem queda no Grande ABC

Imobiliárias estimam redução de 10%; pouca
demanda e alta na oferta provocaram baixa

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
15/01/2016 | 07:16
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Anderson Silva/DGABC:


Imobiliárias da região estimam que o preço médio do aluguel residencial no Grande ABC teve queda real (descontada a inflação) de aproximadamente 10% no ano passado na comparação com 2014 – isso considerando o aumento nos preços em geral de 10,67% medidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o indicador oficial do País, no acumulado de 12 meses. O IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), conhecido como a inflação do aluguel, e usado para corrigir os valores dos contratos, somou 10,54% em 2015.

O índice FipeZap, elaborado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em parceria com o portal Zap Imóveis mostra que, em nove cidades brasileiras, o preço médio do aluguel por metro quadrado teve queda nominal (sem descontar a inflação) de 3,34% em 2015, o que representa redução real de 12,66%.

O único município do Grande ABC que integra a pesquisa, feita com base em anúncios na internet, é São Bernardo, onde o valor cobrado pelos proprietários teve aumento nominal de 3,34% ao longo do ano passado. Entretanto, ao considerar o impacto da inflação, a variação representa queda real de 6,62%, chegando aos atuais R$ 18,73 o m².

O economista Bruno Oliva, da Fipe, destaca que nos últimos anos, principalmente entre 2010 e o primeiro trimestre de 2013, os preços do aluguel – seguindo os de venda de imóveis – tiveram altas expressivas. O pico ocorreu em janeiro de 2011, quando o índice FipeZap de locação registrou elevação de 21% no acumulado de 12 meses. De junho de 2014 até maio de 2015, ainda foram registrados aumentos nominais, porém, abaixo da inflação. A sequência de quedas começou em junho do ano passado. “Essa desaceleração é natural depois de um boom nos preços.”

Outro fator apontado pelo especialista é a crise pela qual o Brasil está passando. “O mercado de trabalho e as perspectivas econômicas se deterioraram muito.” A retração, além de diminuir o poder de compra, provoca a sensação de insegurança na população, que evita fazer dívidas a longo prazo. Essa situação puxa para baixo o preço de venda dos imóveis, o que, consequentemente, também reduz o aluguel. “A pessoa que comprou um apartamento não consegue vendê-lo, neste momento, por valor superior ou igual ao que foi pago. Para não perder dinheiro, o proprietário opta por disponibilizar o imóvel para locação”, acrescenta.

O empresário Miguel Colicchio, o Guta, proprietário da Colicchio Imóveis, segue a mesma linha, de que a crise provocou alteração na relação entre oferta e demanda na região. “A quantidade de imóveis residenciais disponíveis para aluguel cresceu cerca de 20% no ano passado, enquanto o número de negócios fechados teve queda.” A ampliação da oferta está ligada ao grande volume de lançamentos ocorridos no Grande ABC nos últimos anos, com muitas liberações de unidades ocorrendo no ano passado, mesmo com o mercado já desaquecido.

A gerente de locação da Gonçalves Imóveis, Kathia Camargo, comenta que muitos proprietários optam por colocar o imóvel para locação com o intuito de atenuar as dívidas com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e taxa de condomínio, que é paga pelo inquilino. “Existem casos em que o valor recebido pelo aluguel, somado à quantia economizada com o pagamento de tarifas, chega a 80% do valor da prestação.”

Kathia revela que, na imobiliária onde trabalha, a procura por locação aumentou no ano passado. “Mas o número de negócios diminuiu, pois a maioria dos clientes tinha nome negativado ou não tinha capital para pagar o seguro fiança.” 




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