Carlos Boschetti Titulo Análise
Ano novo, velhos problemas!
Carlos Boschetti
14/01/2016 | 07:06
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Mal terminamos a celebração das festas do fim do ano e a maioria das pessoas ainda não retornou das férias. As empresas aproveitam esse período para as manutenções e os ajustes necessários para a performance do ano que entramos. Já sentimos na realidade grande mudança, pois os empresários, preocupados com os elevados níveis de estoque devido à baixa nas vendas do comércio, ampliaram as férias em mais alguns dias. No varejo, antecipam-se as queimas de estoque, com o objetivo de recuperar o fluxo de caixa. Comerciantes se preparam para mais uma guerra frente a cenário totalmente imprevisível para 2016.

Quem achava que iríamos começar o ano somente após o Carnaval foi surpreendido pelas condições macroeconômicas devido ao negativismo global, motivado pela queda acentuada da bolsa de valores da China, que no primeiro dia útil do ano despencou mais de 7%, obrigando o sistema a uma paralisação técnica para que os agentes econômicos pudessem avaliar a situação e acalmar o mercado para assim reabrir com cautela. Essa situação desencadeou efeito dominó em todas as bolsas de valores ao redor do mundo e teve efeito no câmbio, valorizando a moeda norte-americana e desvalorizando ainda mais as moedas dos países emergentes, em especial o Brasil. O dólar voltou a romper o patamar dos R$ 4, com tendência de instabilidade para as próximas semanas, gerando muita turbulência com grande impacto na frágil economia nacional. A pressão inflacionária, que nesta época do ano já é conhecida pelos consumidores nos supermercados, assustou quem foi às compras nos primeiros dias do ano. A remarcação dos preços foi intensa devido aos aumentos das tarifas.

O aumento do salário mínimo, passando de R$ 788 – que representava US$ 288 (e era cotado a R$ 2,70) –, para R$ 880 – aproximadamente US$ 250 (vendido por R$ 4,03) – denota perda significativa do poder de compra das famílias e sua renda perante aos produtos importados que fazem parte de nosso consumo diário, tais como azeite de oliva, alho, frutas, peixes, vestuário etc. O preço do bilhete único dos transportes públicos, que incluem ônibus, trens e Metrô passou de R$ 3,50 para R$ 3,80. O impacto na renda vai ser grande pela perda do poder aquisitivo causado pela inflação e até mesmo o desemprego nas famílias. O carnê do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) já começa a ser distribuído com aumento na maioria das cidades, a reposição é pelo mínimo da inflação dos últimos 12 meses, ou seja, acima de 10%. A energia elétrica é que mais assusta a população, pois apesar do aumento extorsivo de 53% em 2015, estão sendo considerados novos incrementos devido ao fato de os níveis dos reservatórios das regiões Nordeste e Sudeste estarem muito baixos. A reposição não será o suficiente para evitar a ativação das usinas termoelétricas, o que acarretará mais um aumento significativo das tarifas e certamente, além da bandeira vermelha, teremos aumento nas tarifas de geração nas usinas.

Adicionado aos aumentos o governo está sem caixa para financiar toda a infraestrutura de transmissão da energia gerada até os centros de consumo, o que vai acarretar outra possibilidade de aumento. O combustível também está sendo avaliado pela Petrobras em aumento que elevará o preço da gasolina acima dos R$ 4, arrastando com isso o valor do diesel e do etanol, e certamente impactarão na inflação. Com tantos altas de preços, o Banco Central responderá com mais uma elevação da taxa Selic ainda neste mês, com previsão que romperá o patamar de 15% em 2016 para conter a inflação em 2017.

No meio de tantas incertezas, temos de nos preparar. De uma forma ou de outra, vamos sobreviver e aguardar para um ano sem precedentes na história brasileira. A população será o fiel da balança para superarmos todas as adversidades e criarmos base para a retomada da economia. Feliz 2016!




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