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S.Caetano ignora violência à mulher
Sucena Shkrada Resk
Do Diário do Grande ABC
25/11/2002 | 20:31
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“Foram sete anos de sofrimento. Meu marido vivia me batendo, porque ficava agressivo quando bebia. Era muita violência dentro de casa. Não conseguia encontrar orientação na minha cidade (São Caetano). A única coisa que a assistência social da Prefeitura oferecia era cesta básica”. Esse relato é da manicure M.V.C., 29 anos, que mora no município há 15 anos e integra a lista dos 84 casos de mulheres residentes em São Caetano atendidas na Delegacia da Mulher de São Bernardo, de janeiro até dia 22 de novembro deste ano. Elas são desconhecidas nas estatísticas dos órgãos das áreas de saúde e de ação social de São Caetano.   

A confirmação é feita pela assessora da saúde de São Caetano, Eliana Rstom. “Não temos um serviço específico às mulheres vítimas de violência, porque não há um levantamento a respeito, mas eu sei que é muito baixo. Até hoje ninguém foi nos procurar. Nos seis anos que trabalho aqui, só me lembro de um caso de estupro”, disse.   

Essa declaração entra em controvérsia com os casos de ameaças e agressões que chegam na Delegacia da Mulher de São Bernardo. “O ideal é que a Prefeitura de São Caetano implemente um serviço de assistência social para esses casos. A maioria das mulheres de lá, que atendemos, são de classe média e classe média alta e reclamam que não conseguem encontrar um auxílio direcionado”, afirmou a delegada titular Ângela de Andrade Ferreira Ballarini.   

Ela destacou que é importante analisar, que também pode haver subnotificações, já que muitas vítimas deixam de apresentar queixa por receio ou falta de informação, e outras ocorrências são atendidas em distritos policiais comuns.   

A assessora dos Direitos da Mulher da Prefeitura de Santo André e representante da coordenação da Frente Regional do ABC, Silmara Conchão, analisa que o poder público em São Caetano está distante dos problemas da violência contra a mulher. “Nos outros municípios, existe hoje um movimento organizado. Estou tentando por meio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, no qual coordeno o grupo de trabalho de combate à violência à mulher, sensibilizar o a Prefeitura sobre essa questão”. Segundo ela, atualmente há uma maior sensibilização no município, na Câmara dos Vereadores, e por parte de instituições de ensino como o Imes (Centro Municipal Universitário de São Caetano), no qual ocorreu nos dias 5 e 6, o Seminário de Violência Contra a Mulher.




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