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Nado sincronizado vai atrás de medalha no Pan
Elaine Granconato
Da Redaçao
23/05/1999 | 21:10
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Apostando no gingado e no molejo brasileiro, regado ao ritmo de samba, forró e chorinho, a Seleçao Feminina de Nataçao Sincronizada do Brasil vai em busca de uma inédita medalha na 13ª ediçao dos Jogos Pan-Americanos, que serao realizados de 23 de julho a 8 de agosto, na cidade de Winnepeg, no Canadá. Dentro d'água, mais uma vez, a briga pelo bronze vai ser com as mexicanas que, na competiçao de Mar Del Plata, na Argentina, em 1995, ficaram em terceiro lugar, enquanto as brasileiras ficaram em quarto. As favoritas ao ouro sao dos Estados Unidos e do Canadá.

A equipe do Brasil é formada por nove atletas, cinco paulistas e quatro cariocas. A base da seleçao vem do Clube Paineiras do Morumby, de Sao Paulo, que é uma das principais forças da modalidade no Estado.

Sao elas: as gêmeas Carolina e Isabela de Moraes, atualmente estudando e treinando nos Estados Unidos; Juliana Moura, 18 anos; Danila Bezerra Leao, 20 anos, e Marina Pazikas, 18 anos.

Andrea Curi Arid, uma das duas técnicas da seleçao, também vem do Paineiras. Do Rio de Janeiro, o Clube de Regatas do Flamengo cedeu Ticiana Cremona, 18 anos; Juliana Martins, 18 anos, e Fernanda Monteiro, 22 anos, além da outra técnica, Mônica Rosas. Já a atleta Juliana Chicralla, 22 anos, veio do Tijuca Clube.

De acordo com Andrea, 28 anos, treinadora da seleçao brasileira de nataçao sincronizada e das categorias infantil a adulto do Paineiras desde 1989, o Brasil nao tem tradiçao na modalidade, principalmente por se tratar de um esporte subjetivo. "Sem dúvida, as forças vêm dos Estados Unidos e do Canadá. Nosso grupo está consciente de que a nossa luta será pela medalha de bronze e, provavelmente, com o México, nosso eterno rival", afirma.

Para alcançar tal objetivo, as técnicas estao apostando nas raízes brasileiras. "As apresentaçoes das norte-americanas sao meio que robotizadas na água. Vamos investir na ginga e nos movimentos assimétricos de nossas atletas, a começar pelas músicas escolhidas", ressalta Andrea.

A equipe do Brasil irá participar das provas de dueto e de conjunto. As duas coreografias do dueto, que serao comandadas pelas gêmeas Carolina e Isabela, serao realizadas ao som da Banda Mantiqueira, que apresenta uma espécie de chorinho; e de Tom Zé e Miguel Wisnik, um chorinho. Na prova de conjunto, na qual oito atletas nadam e uma fica de reserva, as duas coreografias serao realizadas ao som de Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, e uma música folclórica nordestina. "Temos de apostar em nossas raízes", completa.

Com descanso apenas às segundas-feiras, a seleçao vem treinando duro no eixo Sao Paulo-Rio. De terça a quarta-feira, de três a quatro horas diárias, as atletas treinam em separado nos respectivos clubes. De quinta-feira a domingo, elas se juntam e ficam uma semana em Sao Paulo e na outra no Rio. Nesse caso, com treinos em dois períodos, o número de horas chega a aumentar de seis a sete no dia.

"É cansativo, mas vai valer a pena", diz Juliana Moura, 18 anos, uma das mais novas do grupo, que pratica nataçao sincronizada desde os 10 anos no Paineiras. A atleta, que faz o primeiro ano de matemática na USP, conta que várias vezes tentou largar o esporte, mas nao conseguiu. "É um vício", ressalta Juliana, que pensa em parar após o Pan. "Tenho de me dedicar melhor aos estudos e investir na minha vida, que acabam ficando em segundo plano", confessa, meio sem convicçao, a campea brasileira e sul-americana em dueto pelo clube.

Depois de parar por três anos, devido à tendinite no ombro, Danila Bezerra Leao voltou neste ano para a nataçao sincronizada e já foi convocada para a seleçao. Estudante do segundo ano de arquitetura no Mackenzie, a atleta tenta driblar algumas matérias para poder treinar no Paineiras, clube do qual é sócia e onde começou na modalidade, aos 11 anos. "Ainda nao estamos no ponto certo, o que deverá ocorrer bem mais perto da competiçao. Nosso objetivo é a medalha de bronze, que deveremos disputar com o México", diz a campea sul-americana.




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