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Mundo dos quadrinhos perde Eugênio Colonnese
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
09/08/2008 | 07:02
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Divulgação


O universo das histórias em quadrinhos está mais pobre desde ontem, com a morte do mestre Eugênio Colonnese, 78 anos, italiano radicado em Santo André desde 1967.

Collonese não resistiu a complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral e morreu ontem, às 5h, no hospital Itacolomy, em São Bernardo. Ele estava internado há semanas. Um quadro de trombose evoluiu para gangrena e resultou em amputação da perna direita.

Para os fãs de seu traço detalhista fica uma obra extensa. Collonese produziu quadrinhos de guerra, western, terror e eróticos. Pertenceu à uma época áurea dos grandes desenhistas de HQs nos anos 1960, uma leva de artistas com formação européia.

Quando veio ao Brasil, em 1964 capitaneou uma revolução estilística. Era um tempo sem acesso a um grande volume de informações, como na internet. O que não redundava para ele em falta de precisão e apuro técnico. Em entrevista concedida ao Diário, à época do lançamento de quatro histórias inéditas de O Espírito da Guerra (Editora Opera Graphica, 49 págs.), contou: "A gente pesquisava em livros e sebos. Uma vez via a foto de um tanque alemão em uma revista que ninguém havia desenhado, e a história foi publicada. Chegou uma carta lá na editora dizendo que eu fiz a torre do tanque fixa, e o certo era móvel. A revista era alemã, e eu não tinha lido o texto."

Uma de suas personagens mais populares ao longo de sua carreira, foi Mirza, uma vampira sedutora criada em 1967 no Estúdio D-Arte para a editora Jotaesse, de José Sidekerskis. Portanto, dois anos antes da americana Vampirella. Voluptuosa, curvilínea, com longos cabelos negros e com figurino sensual, Mirza seduzia facilmente suas vítimas, dentro e fora das histórias em quadrinhos.

Colonnese gostava de contar que muitos fãs, ao lhe encontrar, diziam que a primeira paixão de suas vidas tinha sido a personagem. Seu dom para desenhar belas mulheres foi registrado em um livro-aula também lançado pela Opera Graphica.

O corpo do mestre será enterrado hoje, às 10h, no Cemitério de Vila Assunção, em Santo André.




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